Após proibição da Justiça, Catalunha muda estratégia para realizar consulta por autonomia
Voluntários executarão pleito previsto para ser realizado no domingo, mesmo com parecer de inconstitucionalidade do governo espanhol
Diante da proibição, por parte da Justiça espanhola, da realização da consulta sobre a independência da Catalunha neste domingo (09/11), chamada de 9-N, o coordenador do PNDD (Pacto Nacional pelo Direito a Decidir), Joan Rigol, sinalizou, nesta sexta-feira (07/11), uma mudança na estratégia para o pleito. Ele pontuou que a “execução” do processo ficará “nas mãos de voluntários”, mas o governo catalão seguirá “amparando” a consulta.
De acordo com declarações de Rigol, “os voluntários farão a recontagem e a transmissão [dos votos]. O governo fez seu trabalho, e continuará fazendo, mas o processo está em mãos de voluntários. Estamos em uma trama na qual estão o governo, os partidos e a sociedade civil, todo mundo exercendo sua responsabilidade e sendo solidário com os outros”.
Agência Efe
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Nesta quinta (06/11), o ministro da Justiça espanhol, Rafael Catalá, disse que o governo não atuará contra a consulta caso o presidente catalão, Artur Mas, a deixe nas mãos de entidades civis, como o PNDD, como forma de uma “liberdade de expressão”. Questionado se o governo catalão recorreu a voluntários em resposta às declarações de Catalá, Rigol respondeu que “sim. O governo se move nos parâmetros da legalidade, ou ao menos da não ilegalidade”.
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Nesta sexta (07/11), o governo catalão apresentou um recurso no Tribunal Constitucional, no qual pede que seja reconsiderada e anulada a impugnação da consulta.
Risco aos voluntários
Por outro lado, a vice-presidente do governo, Soraya Sáenz de Santamaría, advertiu Mas de que, com a manutenção da consulta, ele “estará forçando os cidadãos catalães ao descumprimento da lei”.
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A declaração de Santamaría foi proferida após o presidente catalão ter assumido a organização do chamado 9-N, mesmo com a suspensão do Tribunal Constitucional. A vice-presidente lançou um requerimento a Mas no qual pede que “nenhum funcionário, nenhum responsável político e nenhum cidadão tenha que tomar decisões neste dia que possa gerar a mínima intranquilidade”.
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Santamaría, no entanto, não esclareceu como o executivo espanhol atuará caso o governo deixe a consulta na mão das associações civis, tal como sinalizado por Rigol.
Agência Efe
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Incertezas
Por outro lado, de acordo com o jornal espanhol El País, os fiscais catalães aguardam o 9-N com inquietude porque não receberam nenhuma instrução, nem orientação da Procuradoria Geral do Estado sobre a possibilidade de que no domingo (09/11) sejam apresentadas denúncias que tentem frear a votação. A insegurança é maior entre os fiscais que estarão de guarda.
A promotoria tem a possibilidade de apresentar uma querela por prevaricação contra o governo catalão diante do Tribunal Superior da Catalunha e ainda solicitar que a realização da consulta seja impedida.
Sobre o tema, Catalá afirmou que, se for apresentada uma denúncia diante dos tribunais, “as forças de segurança da Catalunha atuarão, como todos os poderes públicos, para garantir o cumprimento das normas”.
