Reprodução/ONU
Reunião da Assembleia Geral das Nações Unidas no dia 18 de julho de 2012
A Assembleia Geral das Nações Unidas condenou nesta sexta-feira (03/08) o Conselho de Segurança da organização por ter falhado em sua missão de solucionar o conflito na Síria e denunciou o governo de Bashar al Assad pela utilização de tanques, artilharia e aviões de guerra contra sua própria população em Aleppo e Damasco. A resolução, formulada pela Liga Árabe, também exige que o regime sírio mantenha suas armas químicas e biológicas armazenadas e sob estrito controle.
Dos 193 países membros, 133 votaram a favor do texto, 12 contra e 31 se abstiveram. Este resultado já era esperado depois das negociações ao longo da semana acerca do rascunho da resolução. Os redatores da medida tiveram que alterar o texto original para retirar a exigência de renúncia do presidente sírio e o apelo aos países para aplicarem sanções contra a Síria.
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Parte das nações não queria aprovar um texto que propusesse a mudança de regime no país mesmo sendo em sua maioria contra as ações de Assad. Além disso, muitos dos países membros discordaram da abordagem do texto que apenas criticava o governo sírio, deixando de mencionar as ações dos rebeldes. “Tanto as forças do governo quanto as da oposição continuam demonstrando a sua determinação em utilizar cada vez mais a violência”, acrescentou o Secretário Geral da ONU, Ban Ki Moon.
Apesar de ter apenas poder simbólico, a resolução desagradou os representantes da Rússia e da China na ONU, como já era esperado, por ter criticado as suas ações. Principais aliados do governo sírio no cenário internacional, os dois governos foram responsáveis por vetar no Conselho de Segurança três resoluções sobre o conflito na Síria que implicavam medidas mais efetivas contra o presidente sírio. Vitaly Churkin, o embaixador russo na ONU, disse que não podia apoiar um texto “extremamente desequilibrado e unilateral”, de acordo com a rede Al Jazeera.
Em nota divulgada online nesta quinta-feira (02/08), o Ministério de Relações Exteriores da Rússia comunicou que o texto apenas encoraja a oposição síria a continuar em sua política militar linha dura no país. “Moscou acredita que este documento na sua forma atual não contribui para alcançar a estabilização da situação, bem como encerrar a violência na Síria, e, portanto, a Federação Russa não vai apoiá-lo”, afirma.
O embaixador da Síria na ONU, Bashar Jaafari, respondeu às acusações contidas no texto afirmando que alguns dos estados redatores, como Arábia Saudita e Catar, não poderiam ser considerados como exemplos de direitos humanos, informou a rede BBC.
O debate da Assembleia Geral vem apenas um dia depois de Kofi Annan ter renunciado ao cargo de enviado especial para a Síria. Segundo o diplomata, a sua renúncia se deve ao fato de ser “impossível” para ele ou “para qualquer outra pessoa” dar os passos necessários que permitam um acordo político que ponha um fim ao conflito no país árabe.