A apuração oficial dos votos das eleições gerais realizadas nesta quinta-feira (6/5) no Reino Unido confirmou que não haverá maioria absoluta de nenhum partido no Parlamento, algo que não ocorre desde 1974. Com isso, os líderes dos trabalhistas e dos conservadores trabalham para formar um governo de coalizão.
Faltando a confirmação do resultado em 18 dos 650 distritos do país, o Partido Conservador de David Cameron obteve 298 cadeiras. Com isso, é impossível chegar aos 326 deputados necessários para a maioria absoluta.
O Partido Trabalhista do primeiro-ministro Gordon Brown tem, até o momento, 253 parlamentares, enquanto o Partido Liberal-Democrata de Nick Clegg conquistou 54. As cadeiras restantes são divididas por outras formações. Os conservadores ganharam 94 cadeiras a mais, os trabalhistas perderam 86 e os liberal-demcoratas, cinco.
A novidade no Parlamento será Caroline Lucas, a líder do Partido Verde que pela primeira vez conseguiu representação parlamentar. O líder do BNP, Nick Griffin, não conseguiu se eleger. Apesar de ter concorrido com 300 candidatos, o partido de extrema-direita não conseguiu um assento sequer.
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Costura
Agora cabe a Cameron e Brown tentarem costurar alianças com os outros partidos para formar um governo de coalizão. Clegg disse hoje que corresponde ao Partido Conservador dar o primeiro passo para a formação de um governo, mesmo sem uma maioria absoluta no Parlamento.
“Disse (durante a campanha eleitoral) que o partido que alcançasse o maior número de votos e cadeiras, ainda que não tivesse a maioria absoluta, seria o primeiro a ter o direito de tentar formar o governo, em minoria ou se aproximando de outros partidos, e sigo pensando o mesmo”, afirmou Clegg em frente à sede de seu partido, em Londres.
Brown, por sua vez, já busca alianças para tentar manter os trabalhistas no poder. Segundo a imprensa britânica, Brown considera que o governo no poder tem prioridade de formar a nova administração mesmo que não tenha a maior quantidade de deputados.
O atual primeir-ministro pode argumentar que um governo majoritário de coalizão seria melhor em um momento de incerteza econômica que um minoritário. É possível, segundo analistas, que Brown busque a coalizão com Nick Clegg e com os nacionalistas galeses, com três deputados e os escoceses, com seis. Tradicionalmente os escoceses são leais aos trabalhistas.
O ministro de Assuntos Exteriores britânico, David Miliband, disse que sem uma maioria absoluta no Parlamento, “nenhum partido tem o direito moral a um monopólio do poder”. Já o porta-voz de Economia dos conservadores, George Osborne, afirmou à emissora ITV que os eleitores britânicos rejeitaram o trabalhismo e afirmou que seria “assombroso” que o primeiro-ministro, Gordon Brown, quisesse permanecer no poder.
“A ideia que Gordon Brown, David Miliband e o resto deles possam se prender ao poder é algo que muita gente acharia assustador”, destacou Osborne.
Sistema eleitoral
Conservadores e trabalhistas disputam a maioria dos votos – e a liderança do Parlamento. No processo eleitoral, os candidatos não recebem votos individualmente, exceto pelos distritos onde concorrem diretamente. Cada eleitor pertence a uma região, de acordo com uma divisão feita pelo governo, e elege um representante para o parlamento, composto por 650 assentos. O ganhador é, portanto, o candidato que consegue mais votos em cada lugar, o que favorece o bipartidarismo. Os eleitores naturalmente se dividem para evitar um acúmulo de votos no partido oposto.
Se nenhum partido conseguir a maioria simples (326 cadeiras), ocorre uma situação chamada de “hung Parliament” (parlamento enforcado). Nela, com um parlamento sem a maioria absoluta necessária para governar sozinho, o líder do partido com o maior número de deputados ainda pode encabeçar o governo, em uma possível aliança com um segundo partido. Se os partidos não chegam a um acordo para a formação de um governo de coalizão, uma nova eleição pode ser convocada.
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