Um encontro organizado em Buenos Aires nesta sexta-feira (07/01) reuniu diversos representantes da Comunidade de Estados Latino-americanos e Caribenhos (Celac) para transferir a Presidência do bloco ao governo da Argentina, que substitui o México na liderança.
Durante a 22ª Cúpula de chanceleres composta por delegações de 32 países, de forma virtual e presencial, o presidente argentino Alberto Fernández agradeceu o apoio dos países membros do bloco, afirmando que o mecanismo regional “não nasceu para se opor a alguém, ou para interferir na a vida política ou econômica de qualquer país.
Fernández também destacou o papel do México na “revitalização” do bloco regional. Para ele, a Celac é uma forma para que os líderes dos 33 países membros se sintam “muito mais fortalecidos por saber que seus irmãos latino-americanos e caribenhos os acompanham”.
“Vamos fazer da América Latina e do Caribe não apenas uma expressão geográfica, mas também uma expressão política, econômica e social”, disse Fernández e agradeceu a todos os membros pelo apoio nas negociações para a reestruturação da dívida que a Argentina mantém com o Fundo Monetário Internacional (FMI), herdado da gestão de Mauricio Macri.
De acordo com o Chefe de Estado argentino, a aliança regional “surgiu como um foro a nosso favor”, que promove o “consenso e a pluralidade em um marco de convivência democrática sem nenhum tipo de exclusões”. Para ele, a Celac também tem sido uma “ponte para outros países ou foros” fora da América Latina.
´Por sua vez, o ministro das Relações Exteriores da Argentina, Santiago Cafiero, declarou que a Celac é a “prova de que construir uma ética nas relações internacionais não é uma utopia”.
Argentina fue elegida por aclamación para la Presidencia Pro Témpore de la CELAC durante 2022.
Este es el ámbito por excelencia de Latinoamérica y el Caribe que promueve el diálogo sin exclusiones. Nos comprometemos a continuar ese camino. #CELACArgentina2022 ?? pic.twitter.com/hCcfuFZEC3
— Santiago Cafiero (@SantiagoCafiero) January 7, 2022
Cafiero afirmou que, agora na liderança do bloco, a Argentina continua apelando pela participação e ao consenso entre os membros, destacando linhas de ação para a agenda de trabalho frente ao organismo.
Twitter/Reprodução
Marcelo Ebrand, ministro das Relações Exteriores do México, felicita Alberto Fernández pela eleição da presidência da Celac
Entre elas, o chanceler argentino destacou o trabalho frente às mudanças climáticas, emergências sanitárias, intercâmbio em questões educacionais, combate à corrupção e segurança alimentar.
Ele também ressaltou a questão da conectividade regional, além do fortalecimento institucional da Celac, buscando maior participação de mulheres.
Durante a cúpula na capital argentina, o ministro destacou a importância de se ampliar o diálogo do bloco com países como China, Rússia, Índia e membros da União Europeia. Segundo ele, a agenda do bloco para este ano será aberta, podendo incorporar novos desafios e objetivos, além de profundamente democrática e respeitando a realidades das nações.
Bruno Rodríguez, chanceler de Cuba, apontou que a Celac deve continuar consolidando a “unidade na diversidade”. Durante a reunião, Cuba e Argentina assinaram acordos de cooperação para aumentar a produção agrícola da ilha caribenha.
Tuvo lugar en XXII Reunión de Cancilleres CELAC el traspaso de la Presidencia Pro Témpore a #Argentina.
Expresé deseos de éxitos a la hermana nación y aseguré el apoyo de #Cuba en la importante labor de continuar consolidando la “unidad en la diversidad” de #NuestraAmérica. pic.twitter.com/ci8phKzNex
— Bruno Rodríguez P (@BrunoRguezP) January 7, 2022
Em 2021, durante a Presidência do México, cerca de 1 milhão de doses de vacinas contra a covid-19 foram doadas ao Equador. Também foi criado um fundo contra desastres naturais e efeitos da mudança climática na América Latina e Caribe, arrecadando US$ 15 milhões (cerca de R$ 79 milhões).
Tanto o presidente mexicano, Andrés Manuel López Obrador, como o boliviano Luis Arce expressaram que o objetivo é transformar a Celac em uma alternativa à Organização dos Estados Americanos (OEA).
A Celac foi criada em 2010, em Caracas, por iniciativa do ex-presidente venezuelano Hugo Chávez, e busca agrupar todos os Estados da região numa aliança econômica e cultural. Em 2020, o Brasil anunciou sua saída do bloco.
(*) Com Brasil de Fato e TeleSur.