Estádio acanhado, provocações e ambiente de decisão. São esses os ingredientes que, 31 anos depois, voltam a reunir as seleções de Brasil e Argentina em Rosário pelas eliminatórias para a Copa do Mundo de 2010. Para o time do técnico Dunga, vale a classificação antecipada para o torneio na África do Sul. Já a equipe do treinador Diego Maradona busca a vitória para não correr riscos ainda maiores de ficar fora da mais importante competição do futebol mundial.
Pela Copa do Mundo de 1978, disputada sob os fuzis da ditadura argentina, as duas seleções se enfrentaram no mesmo Gigante de Arroyito, com capacidade de cerca de 40 mil pessoas. O jogo era válido pelo Grupo B da segunda fase do torneio e o vencedor daria um largo passo para chegar à decisão. Depois de muitos pontapés e algumas chances perdidas, o empate em 0 x 0 deu leve vantagem à Argentina.
Cézaro de Luca/EFE
Maradona buscou clima de decisão para o jogo em Rosário
Na rodada seguinte, a alviceleste jogaria horas depois do Brasil, sabendo do resultado que precisaria para se classificar à final. E em um evento controvertido até hoje, bateu a seleção do Peru por 6 x 0, no mesmo Gigante de Arroyito sob suspeita de manipulação. Acabaria campeã mundial com uma vitória sobre a Holanda.
Os brasileiros se contentariam com o título de “campeão moral”, dado pelo treinador militar Cláudio Coutinho. Três anos antes o mesmo time tinha sido responsável por uma das raras derrotas argentinas em Rosário, em uma vitória por 1 x 0 pela Copa América.
Os jogadores brasileiros e os argentinos já sabem do histórico de Rosário, 300 quilômetros ao noroeste de Buenos Aires, para as duas seleções e esperam mais pressão da torcida do que haveria em uma partida em Buenos Aires.
Foi esse o motivo que fez Maradona mandar a partida na cidade em vez de, como é tradição, disputar o jogo no estádio do River Plate na capital, o Monumental de Nuñez, que não tem o mesmo efeito de caldeirão, com capacidade para mais de 65 mil torcedores.
Provocações
Pressionado por maus resultados nas eliminatórias – incluindo uma derrota por 6 x 0 diante da Bolívia fora de casa – o ídolo argentino evocou o jogo de 1978, naquele que foi o primeiro mundial conquistado pela seleção nacional, e distribuiu provocações aos brasileiros.
Falou sobre como é melhor do que Pelé, disse a seus jogadores que podem conquistar uma vitória convincente sobre o time de Dunga e não censurou os comentários do atacante Carlos Tévez, segundo quem “a Argentina vai comer o Brasil”.
Os brasileiros evitaram o confronto direto, mas não deixaram as provocações sem resposta. A primeira delas partiu de Dunga, que convocou o atacante Adriano apesar da fase titubeante no Flamengo. O jogador marcou gols decisivos em finais contra a Argentina na Copa América de 2004 e na Copa das Confederações de 2005. “Eles vão se chocar com a gente. Eles têm medo de mim”, afirmou.
Os colegas não ficaram atrás. “Quem perder vai ter de ouvir o outro falar deste jogo o ano inteiro”, disse o atacante Robinho, colega de Tévez no Manchester City, da Inglaterra. O meia Kaká disse ser um jogador mais completo do que Maradona foi: “Ele foi um grande artista, mas eu, sabendo das minhas limitações, me tornei um jogador mais completo”, alfinetou. O volante Felipe Melo foi na canela: “Eles estão desesperados, precisam muito mais da vitória do que o Brasil”.
Prenúncio de uma dura disputa na noite de sábado. Mas desta vez não há empate nem seleção peruana que possam favorecer aos argentinos.
Marcelo Sayao/EFE
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