Um estudo realizado pela organização Anistia Internacional e divulgado nesta terça-feira (08/12) concluiu que o armamento em mãos do Estado Islâmico reflete “décadas de comércio irresponsável de armas para o Iraque” por parte dos países que hoje combatem o grupo, como Estados Unidos e Rússia.
“A falta de regulação e de supervisão sobre o imenso fluxo de armas para o Iraque, que já dura décadas, tem dado ao Estado Islâmico e outros grupos armados uma bonança de acesso sem precedentes a armas de fogo”, disse Patrick Wilcken, pesquisador da Anistia Internacional e um dos responsáveis pelo relatório “Taking Stock: The arming of Islamic State”.
Islamic State's arsenal has 100+ weapon types from 25 countries – find out how: https://t.co/NtMfkpBRV1 #ArmsTreaty pic.twitter.com/moXewPq0vD
— AmnestyInternational (@AmnestyOnline) 8 dezembro 2015
Segundo a Anistia, a maior parte do armamento do EI consiste em itens roubados do Exército iraquiano. O grupo extremista se beneficiou indiretamente da enorme entrada de armas no Iraque após a invasão dos Estados Unidos em 2003, que proporcionou ao EI “um arsenal vasto e letal”. Em sua ofensiva dentro do Iraque, o grupo tem amealhado armamento do Exército – inclusive dezenas de tanques e veículos de combate – , que é distribuído entre os combatentes até a Síria. Além dos roubos, o tráfico ilegal de armas também abastece o grupo extremista.
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“Décadas de livre fluxo de armas para o Iraque significaram que quando o EI tomou o controle de algumas áreas, eles se sentiram como crianças em uma loja de doces. O fato que países como o Reino Unido tenham acabado inadvertidamente armado o EI deveria nos fazer refletir sobre os atuais acordos de exportação de armas”, disse Oliver Sprague, diretor do programa sobre armamento da Anistia Internacional no Reino Unido.
De acordo com o relatório, a arma preferida dos extremistas segue sendo rifle russo Kalashnikov, mas o grupo usa armas e munição produzidas em pelo menos 25 países. Somente na categoria de armas pequenas, o grupo tem em mãos exemplares do rifle iraquiano Tabuk, da norte-americana Bushmaster E2S, da chinesa CQ, da alemã G36 e da belga FAL, entre outras.
A Anistia diz que os países que exportaram estas armas estavam cientes dos riscos, já que sabiam que no Iraque a corrupção e a vulnerabilidade do governo dificultariam o controle das armas que estavam chegando ao país.
Segundo o site de notícias RT, somente em 2014 os Estados Unidos exportou o equivalente a 500 milhões de dólares em armas e munição para o Iraque.