A Rússia afirmou que qualificará de “brutal ato de agressão” qualquer ataque aéreo dos Estados Unidos contra o grupo jihadista EI (Estado Islâmico) em território sírio, sem a prévia autorização do governo da Síria ou do Conselho de Segurança da ONU. As declarações foram dadas nesta quinta-feira (11/09) pelo porta-voz do Ministério das Relações Exteriores da Rússia, Aleksandr Lukashevich, a uma emissora russa de televisão.
Agência Efe
Manifestantes protestam contra Estado Islâmico no Iraque
O diplomata russo afirmou que “há fundamentos para pensar que, em tal caso, as forças governamentais sírias também podem ser atacadas, com a consequente escalada de tensão” em toda a região. A crise na Síria, que se estende desde 2011, ganhou novos componentes depois que o EI passou a controlar parte do território sírio e trava intensas batalhas na região.
A reação russa veio após o pronunciamento do presidente norte-americano, Barack Obama, ontem, no qual ele diz que estenderá à Síria a campanha de ataques aéreos contra o EI, tal como já está sendo realizado no Iraque.
Obama assegurou que reuniu apoios internacionais suficientes para liderar uma “ampla coalização” que permita “destruir” o EI, esforço que “levará tempo” e que representa risco aos militares que atuarão na ação.
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A mudança de posição dos EUA com relação a uma possível ação na Síria em meio à expansão do grupo jihadista ocorre um ano depois de Obama indicar que seu governo não interviria na guerra civil do país . Apesar disso, o governo norte-americano enviou armas aos manifestantes contrários ao presidente Bashar al-Assad, como denunciou o jornal The Washington Post no ano passado.
Além disso, em agosto de 2013, o Pentágono (departamento de Defesa dos EUA) afirmou que já estava mobilizando forças para uma possível ação militar contra a Síria para o caso de o presidente Barack Obama decidir por esta opção.
Agência Efe
Soldado realiza guarda de caminhão queimado em Mariupol, no leste da Ucrânia
Sanções e militarização
Hoje, Obama anunciou que se somará às sanções impostas pela União Europeia à Rússia nos setores financeiro, energético e de defesa. Mesmo com o cessar-fogo acordado entre os manifestantes separatistas que atuam no leste da Ucrânia e o governo de Kiev, a União Europeia disse que vai impor uma nova rodada de sanções, que serão anunciadas amanhã. A chancelaria russa considera que as medidas são ilegais, uma vez que não foram aprovadas pelo Conselho de Segurança da ONU.
Moscou também prepara uma série de ações contra o Ocidente para responder ao segundo pacote de sanções e à aproximação da OTAN às fronteiras do país, como afirmou o Ministério de Relações Exteriores russo, em um comunicado divulgado hoje. Entre as medidas que estão sendo consideradas estão a suspensão da importação de carros usados da Europa e a proibição da importação de produtos de indústria leve que a Rússia já produz ou pode passar a produzir.
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O Kremilin também sinalizou o aumento da militarização diante da intenção da OTAN de realizar manobras conjuntas com Kiev. O governo russo considera a medida “uma ameaça ao caminho de paz no leste da Ucrânia”.
O ministro da Defesa, Sergei Shoigu, disse hoje que as tropas no distrito militar oriental, que inclui a fronteira marítima da Rússia com o Japão e uma parte da divisão com a China, receberam ordens de estar em total prontidão de combate para se defender de qualquer possível agressão.
No mesmo sentido, no início do mês, a Rússia disse que está revisando sua doutrina militar diante da expansão da OTAN no leste europeu, bem como os problemas da defesa antimíssil e a crise na Ucrânia, como informou a agência Russia Today.
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