O plano formulado por Egito e França, que visa à interrupção imediata dos ataques israelenses e a posterior convocação de diálogos entre Israel e o Hamas, agradou a comunidade internacional. O secretário-geral da ONU, Ban Ki-moon, a secretária de Estado norte-americana, Condoleezza Rice, o ministro de Relações Exteriores britânico, David Miliband, e o presidente da Autoridade Palestina (AP), Mahmoud Abbas, entre outros, também apoiaram a iniciativa.
O governo de Israel anunciou a criação de um corredor humanitário e suspendeu os bombardeios por três horas, das 13h às 16h (9h às 12h de Brasília), para permitir que a população palestina obtenha mantimentos, segundo uma fonte militar informou à agência EFE. A continuidade da interrupção dos bombardeios durante três horas diárias será estudada a cada dia em função da situação, disse Peter Lerner, porta-voz do organismo ligado ao Ministério da Defesa que coordena as atividades de Israel nos territórios palestinos.
O presidente da França, Nicolas Sarkozy, comemorou o avanço e pediu, através de nota, “o início deste plano o mais rápido possível, para que pare o sofrimento da população”.
Em seguida, os ataques foram retomados. Israel bombardeou vários túneis na região de Rafah, no sul da Faixa de Gaza, e casas em Jabalya, no norte do território, segundo testemunhas em Cidade de Gaza. O Hamas também lançou foguetes contra o sul do Israel. As Brigadas de Ezedin al-Qassam, braço armado do grupo palestino, assumiram a responsabilidade.
Mahmoud Abbas exigiu o fim do “genocídio” sofrido pela população civil de Gaza. “Não podemos aceitar nada que não seja uma urgente intervenção do Conselho de Segurança para deter os projéteis”, disse.
Em declarações à rede britânica SkyNews, o presidente israelense, Shimon Peres, disse que Israel analisará nos próximos dias o plano, mas demonstrou ceticismo. “Temos que olhar os detalhes, porque, infelizmente, isso depende de como será organizado. Um papel, por si só, não pode mudar a situação”, afirmou.
O avanço nas negociações para o cessar-fogo ocorrem um dia após dois bombardeios israelenses a escolas em Gaza, que deixaram mais de 30 mortos e geraram forte reação internacional. Israel alega que os locais eram usados com fins terroristas e serviram para lançamento de foguetes.
A proposta apresentada pelos presidentes Nicolas Sarkozy e Hosni Mubarak prevê: uma trégua, por período limitado, para a abertura de passagens seguras e a entrada de mantimentos; um convite a Israel e aos palestinos para uma reunião urgente, a fim de definir garantias e compromissos, incluindo garantir a segurança nas passagens fronteiriças e o fim do bloqueio; e a renovação do convite do Egito à Autoridade Palestina (AP) e diversas facções para conseguir a reconciliação palestina.
Obama promete envolvimento ativo e consistente
Ontem, o presidente eleito dos Estados Unidos, Barack Obama, quebrou o silêncio e expressou “profunda preocupação” com as mortes de civis em Israel e Gaza. Obama, que tinha sido criticado pelo silêncio em torno da violência na região, destacou que, após a posse, no dia 20, seu governo se “envolverá de maneira ativa e consistente” no conflito no Oriente Médio.
Hoje, a presidência da União Européia (UE), nas mãos da República Tcheca, expressou profunda preocupação com as vítimas do bombardeio israelense a uma escola de Jebalia e reiterou sua chamada para um cessar-fogo imediato. A declaração foi divulgada um dia após o fim de uma missão liderada pelo ministro de Exteriores tcheco, Karel Schwarzenberg, à região. O Conselho de Segurança da ONU já tentou se reunir para debater o assunto, mas a iniciativa foi vetada pelos Estados Unidos.
O conflito, que dura 12 dias, já deixou entre 660 e 680 mortos, segundo relatos de diversos veículos de comunicação. O maior número é da rede de TV árabe Al Jazeera, que tem jornalistas na Faixa de Gaza, pois já estava no local antes de Israel fechar a fronteira – a maioria da imprensa está sendo impedida de entrar em Gaza. O número estimado de feridos é de cerca de 3 mil.
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