O grupo bangladeshi de extrema-direita Ansarullah Bangla Team (ABT), banido no país, emitiu nesta quinta-feira (22/10) um email com ameaças a empresas de mídia e exigindo que jornalistas mulheres fossem demitidas. A alegação é que mulheres trabalharem na imprensa seria contra a lei Islâmica.
O ABT divulgou no mês passado uma lista com os nomes de 15 blogueiros, ativistas e escritores globais que protestam contra o fundamentalismo religioso. Na mensagem divulgada ontem, reforçou as ameaças de morte às pessoas presentes na lista e acusou as empresas midiáticas de participarem de campanhas anti-islã. O ABT já reivindicou o assassinato de quatro blogueiros bangladeshis, mortos no início do ano.
Adam Jones/ FlickrCommons
Homem lê jornal em Daca, capital de Bangladesh
O email foi recebido pelo jornal local Dhaka Tribune, sediado na capital de Bangladesh, e provocou medo na redação. “É uma preocupação para todos os jornalistas. Essas ameaças não podem ser ignoradas. É um choque para todas as mulheres na mídia”, contou uma jornalista, que pediu para não ser identificada, ao Al Jazeera.
O grupo também exige que revistas não usem “modelos bonitas em anúncios”, acrescentando que fotos de mulheres sem véus “não podem ser impressas em jornais”.
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Os Repórteres Sem Fronteiras denunciaram a ameaça e já estão em contato com alguns dos ameaçados, mas afirmaram que estes não confiam que as autoridades locais irão protegê-los. Quando investigando os casos dos outros blogueiros mortos, a polícia bangladeshi foi criticada por sua falta de transparência e seriedade no processo.
A polícia de Daca, capital do país, no entanto, disse ao Al Jazeera que o assunto será tratado como prioridade.
“Nós já recebemos esse tipo de email antes. Autoridades maiores foram informadas e estamos trabalhando para garantir a segurança de todo e qualquer cidadão deste país”, disse o comissário da polícia de Daca, Muntasirul Islam.