A Bélgica ultrapassou nesta quarta-feira (30/03) o recorde mundial iraquiano de mais longo impasse político: 289 dias sem conseguir formar uma coalizão que indicará o novo primeiro-ministro e, consequentemente, formará o novo governo.
Em 2010, os iraquianos ficaram 249 dias sem chegar a um consenso sobre a divisão do poder entre xiitas, sunitas e curdos, e mais 40 dias até a posse do governo.
Os belgas, por sua vez, elegeram seus deputados no dia 13 de junho de 2010. O recorde dos 249 dias já foi “celebrado” em 17 de fevereiro com a “revolução da batata frita” que reuniu milhares de pessoas, sem provocar nenhuma reação dos partidos políticos.
Milhares de estudantes voltaram a se expressar contra este bloqueio político, participando de concentrações festivas nesta terça-feira nos campus de sete cidades universitárias, rebatizados para a a ocasião “de campus da batata frita”.
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Contexto
As eleições legislativas de 13 de junho deram, em princípio, para ajudar a Bélgica a sair de uma crise institucional com a renúncia do então primeiro-ministro, Yves Leterme. Estavam em disputa 40 assentos no Senado e 150 na Câmara dos Deputados, sendo que a maioria foi conquistada pelos separatistas flamengos.
Na Bélgica, após a eleição do Parlamento, cabe ao rei, atualmente Albert 2º, apontar o novo primeiro-ministro. O escolhido para o posto normalmente é o líder de uma coalizão, já que no país dificilmente um partido obtém maioria absoluta. Divididos por ideais e planos de governo diferentes, a esperada coalizão ainda não se formou.
O impasse político na atual sede da União Europeia reflete a divisão histórica que existe entre os flamengos, população de língua holandesa do norte (Flandres), com os valões da região sul (Valônia), que falam francês.
Os falantes de holandês – que representam 60 % dos 11 milhões de habitantes da Bélgica – querem mais autonomia para sua rica região, principalmente na política fiscal e social. Já os falantes de francês, de uma região mais pobre, querem limitar a descentralização, temendo a perda de vários subsídios e também um verdadeiro desmembramento do país. Existe ainda uma pequena comunidade de língua alemã no leste da Valônia, mas sem grande representação política.
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