Em visita à Colômbia, o vice-presidente dos Estados Unidos, Joe Biden, disse nesta quarta-feira (18/06) que uma das formas mais rápidas de acelerar o fechamento de Guantánamo dependeria da aceitação “responsável” de governos latino-americanos em receber os detidos da polêmica prisão localizada dentro da ilha de Cuba.
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Efe (2013)
Vice-presidente norte-americano, Joe Biden também discute diálogos de paz entre governo colombiano e guerrilhas como FARC e ELN
“Muitos governos da América Latina pediram que os EUA fechassem Guantánamo. É importante reiterar que esta é uma alta prioridade para nós”, afirmou Biden em entrevista ao El Espectador. Durante a candidatura do presidente Barack Obama à Casa Branca em 2008, o atual mandatário tinha como uma de suas principais bandeiras o fechamento da penitenciária militar.
Na entrevista ao veículo colombiano, Biden ainda ressaltou a importância da América Latina para a agenda de governo de Obama. Para o norte-americano, se os latino-americanos concordarem em receber os presos, isso representaria “um grande gesto humanitário e daria um sinal claro da solidez da aliança em termos de segurança e de luta contra o terrorismo”.
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Em março, os Estados Unidos pediram a colaboração do governo uruguaio de José Mujica para que o país sul-americano recebesse cinco presos sob custódia na prisão de Guantánamo. Após consultas, o mandatário uruguaio aceitou colaborar com Obama, abrigando-os na qualidade de “refugiados” — mas como contrapartida, pediu que Washington liberte os três cubanos que ainda estão presos no país.
Na ocasião, o ex-líder guerrilheiro tupamaro anunciou que a decisão foi tomada por uma “questão de princípios” e que tal prisão tem funcionado como uma verdadeira vergonha para a humanidade e muito mais vergonhoso para um país como os EUA”.
Outras questões em jogo
Biden se encontra nesta quarta com o recém-reeleito presidente Juan Manuel Santos, em Bogotá. A visita de Biden também terá como intuito o conhecimento dos avanços das negociações de paz do governo colombiano com as FARC (Forças Armadas Revolucionárias da Colômbia).
Wikicommons
Violações de direitos humanos são frequentes na polêmica penintenciária norte-americana de Guantánamo, situada na ilha de Cuba
“Biden analisará o papel que os Estados Unidos teriam em uma etapa de pós-conflito”, explicou à Efe a chanceler colombiana, María Ángela Holguín. O último encontro entre os dois políticos aconteceu em maio de 2013, quando o vice dos EUA ofereceu seu apoio nas negociações com as FARC da mesma maneira que ajudaram “no campo de batalha”.
De mesmo modo, Biden abordará a aproximação do governo colombiano com a segunda maior guerrilha do país, o ELN (Exército de Libertação Nacional). Na semana passada, foi anunciado que ambos estão mantendo conversas desde janeiro para instaurar uma mesa de diálogos e estabelecer a agenda de discussões para pôr fim ao conflito que dura mais de 50 anos no país.
Carlos Latuff/Opera Mundi
Para Biden, fechamento de Guantánamo é uma das principais prioridades do governo norte-americano
Outro assunto em pauta foram as revelações do ex-analista da NSA (Agência Nacional de Segurança dos EUA), Edward Snowden, e as suas implicações com governos latinos. “Reconhecemos que este incidente gerou graves preocupações entre os governos e os povos da América Latina. Por esta razão, o presidente Obama anunciou importantes reformas, que incluem a aplicação das mesmas proteções à privacidade de estrangeiros que recebem nossos próprios cidadãos”, disse Biden ao El Espectador.
A espionagem também foi um tema importante no encontro de Biden com a presidente Dilma Rousseff, realizado na terça (17/06), no Palácio do Planalto. À imprensa, ele afirmou confiar no restabelecimento das relações com o Brasil após as denúncias de que governantes de vários países foram alvo de espionagem dos Estados Unidos e disse que está “confiante” de que as relações com o Brasil serão retomadas.
No domingo (15/06), a presidente brasileira se reuniu com a chanceler alemã, Angela Merkel, que também foi vítima de espionagem dos EUA. Juntas, elas avaliaram como bastante positiva a aprovação de uma resolução por iniciativa dos dois países na Assembleia-Geral da ONU por mais proteção à privacidade na era digital.