Pesquisa de boca-de-urna divulgada após o encerramento da votação das eleições desta quinta-feira (6/5) no Reino Unido indica que os conservadores de David Cameron poderão formar um governo de minoria, sem depender dos outros dois grandes partidos. Se os números se confirmarem, a maior surpresa terá sido o fracasso dos liberal-democratas, que, ao invés de ampliarem sua bancada parlamentar, encolheram.
De acordo com os números divulgados, o Partido Conservador teria obtido 307 assentos no parlamento de Westminster (ou 97 a mais que a composição atual), os trabalhistas ganharam 255 assentos (94 a menos), e os LibDems elegeram apenas 59 assentos, perdendo três em relação ao que já têm. Durante a campanha, pesquisas de intenção de voto chegaram a prever que o partido de Nick Clegg (o líder liberal-democrata) teria 100 cadeirnas no parlamento.
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O número de assentos conquistados por partidos menores e candidatos independentes não variou, permanecendo em um total de 29 – o que seria mais que suficiente para cobrir a diferença de 19 cadeiras necessária para os conservadores atingirem a maioria de 326 e formarem governo sem os rivais trabalhistas (do atual governo, liderado por Gordon Brown) e liberal-democratas.
Graham Stuart/Efe
Juízes eleitorais iniciam a contagem de votos. A boca-de-urna aponta vitória dos conservadores de David Cameron
Como já ocorre há algumas eleições, a torre do relógio Big Ben, anexo ao prédio do parlamento em Londres, virou tela para a projeção da pesquisa de boca-de-urna encomendada pelas redes de televisão britânicas BBC, Sky e ITV.
A pesquisa também indica diferenças regionais na votação em relação à última eleição, em 2005. Segundo os números da boca-de-urna, os conservadores ganharam 7% a mais de votos na Inglaterra, mas recuaram entre 2,5% e 5% na Escócia e no País de Gales. No plano nacional, porém, a virada é de 5,5% a favor dos lado conservador.
Impasse
Com o resultado sem nenhum partido formando maioria, as três maiores bancadas terão de negociar a formação do próximo governo. Analistas prevêem que trabalhistas e conservadores, rivais históricos, ainda terão de disputar o apoio dos LibDems, muito embora seu resultado tenha sido bem pior do que esperado. Segundo políticos entrevistados pela mídia local, já começaram especulações em torno da posição que Nick Clegg assumirá.
“Acho que o partido que conquistou mais cadeiras, ou seja, que obteve o mandato popular mais forte, tem o direito de formar governo”, disse Clegg, segundo a BBC, em declaração que indicaria um apoio aos conservadores, atualmente na oposição.
No lado governista, entretanto, a análise é mais otimista.
“Não consigo ver os liberal-democratas formando uma coalizão com os conservadores”, duvidou o trabalhista Alan Johnson, atual ministro do Interior.
É a primeira vez desde 1974 que o Reino Unido fica sem uma maioria parlamentar definida. A situação é conhecida como hung parliament (parlamento suspenso ou enforcado). Na ocasião, o Partido Trabalhista teve 301 cadeiras contra 297 dos conservadores. Ao final, Harold Wilson, líder trabalhista, assumiu a chefia do governo mas convocou novas eleições para outubro do mesmo ano.
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