A bolsa de valores do Chipre suspendeu as atividades desta terça-feira (19/03) e permanecerá fechada também na quarta-feira (20), assim como os bancos. Neste período, o governo deverá anunciar a aprovação do pacote de austeridade fiscal, que contém uma inédita e muito contestada proposta de taxação de depósitos. Em troca, receberá um aporte financeiro que será usado para administrar o rolamento da dívida pública, anunciado no fim de semana e que gerou revolta e desespero na população.
Com os bancos fechados, a bolsa afirma que não tem como fazer negócios ou monitorar os limites de crédito de seus membros. As informações são da agência de notícias Down Jones.
O acordo fechado com o grupo de credores conhecido como troika, composto por BCE (Banco Central Europeu), Comissão Europeia e FMI (Fundo Monetário Internacional), prevê que a pequena ilha do Mediterrâneo receba dez bilhões de euros.
Os cipriotas recorrem aos caixas eletrônicos para fazer saques desde sábado, quando o acordo foi anunciado. O governo, que tenta ganhar tempo para obter apoio para o pacote de resgate, decidiu que os bancos só reabrirão na quinta-feira (21).
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O FMI, por sua vez, permanece inflexível. A diretora-gerente fundo, Christine Lagarde, disse que “as autoridades do Chipre têm que cumprir os compromissos adquiridos” e que apoia a intenção do país de aplicar um imposto progressivo aos depósitos bancários.
Em seu discurso em uma conferência sobre o futuro da União Monetária Europeia em Frankfurt, Lagarde afirmou que o setor bancário do Chipre deve realizar uma reestruturação apropriada.
Lagarde disse considerar que “a reestruturação do setor bancário do Chipre ainda não chegou ao ponto que foi parte do acordo”.
O Eurogrupo aprovou na madrugada de sábado uma taxação de 6,75% a todos os depósitos bancários até 100 mil euros e de 9,99% para os valores superiores a este no Chipre. A nova proposta do governo cipriota é de que o desconto de 6,75% seja aplicado apenas às pessoas com poupanças entre 20 mil e 100 mil euros.}
Em comunicado, o Eurogrupo ressaltou que o que importa é que o Chipre assuma seu compromisso de fornecer 5,8 bilhões para o resgate financeiro do país mediante a participação dos depositários, e que cabe ao governo local regulamentar os descontos tributários.
O presidente do Banco Central do Chipre, Panicos Demetriades, advertiu hoje que será impossível arrecadar a quantia de 5,8 bilhões de euros exigida pelo Eurogrupo se o governo deixar isentos de encargo os pequenos poupadores.
Em troca da taxação, os depositários que mantiverem suas aplicações no banco durante um período de mais de dois anos obterão bônus de Estado, com um tipo de rendimento que dependerá das receitas futuras da extração de gás. O Chipre conta com grandes reservas em suas águas marítimas que espera rentabilizar nos próximos anos.
(*) com agência de notícias internacionais