Atualizada às 15h54
O presidente do Brasil, Jair Bolsonaro, discursou na abertura da 76ª Assembleia Geral da Organização das Nações Unidas (ONU), nesta terça-feira (21/09), mantendo a tradição de o Brasil iniciar os diálogos do encontro, e ganhou repercussão internacional.
Para o periódico norte-americano The New York Time, o mandatário rejeitou “as críticas ao histórico ambiental de seu governo”, informando que “ativistas protestaram perto da sede da ONU sobre as políticas ambientais e econômicas” do governo brasileiro, que “os críticos dizem ter contribuído para a devastação da floresta amazônica e a fome generalizada no Brasil”.
“O governo de Bolsonaro enfraqueceu a aplicação das leis ambientais e esvaziou as agências responsáveis por aplicá-las”, lembrou o periódico, descrevendo o presidente como “não vacinado e provocador”.
O jornal ainda classificou Bolsonaro como “extrema-direita” e ressaltou que o mandatário disse “que os médicos deveriam ter mais margem de manobra para administrar medicamentos não testados”, destacando que o presidente brasileiro defendeu “o uso de drogas ineficazes para tratar o coronavírus”.
Na publicação, o NY Times lembrou também que o presidente não está vacinado e participou de um “momento estranho” durante reunião com o primeiro-ministro britânico Boris Johnson, já que ele “saudou a vacina AstraZeneca” na ocasião.
“O presidente do Brasil liderou uma das respostas mais criticadas do mundo à pandemia”, disse o Times, tendo minimizado “repetidamente” a ameaça que o vírus representa.
Já o jornal britânico The Guardian destacou que Bolsonaro “provou ser uma figura controversa” durante a pandemia da covid-19, “minimizando os impactos do vírus e recusando-se a ser vacinado”.
Segundo o periódico, o presidente “apoiou um coquetel de tratamentos” para a covid-19, não comprovados, ao invés da vacina, e que, no discurso na ONU, ele “se gabou” de conquistas de seu governo, ao dizer que o “Brasil mudou muito” desde que assumiu em 2019.
O jornalista do periódico Tom Philips disse que Bolsonaro tem passado por um momento “tórrido” em Nova York, “onde tem sido perseguido por manifestantes furiosos e repreendido por políticos de alto escalão por desprezar a vacinação da covid”.
Alan Santos/PR
Em breve discurso na ONU, Bolsonaro voltou a defender tratamento precoce contra a covid-19
Philips também apontou a fala do prefeito da cidade, Bill de Blasio, que usou Bolsonaro como exemplo aos que “não deveriam se incomodar” em visitar Nova York sem estarem vacinados.
Já o argentino Clarín destacou ao momento em que Bolsonaro disse ter ido “mostrar a verdade sobre seu país que a mídia não mostrou”, e que antes de chegar ao poder, declarou que o Brasil “estava à beira do socialismo”.
De acordo com o periódico trata-se de uma “mensagem clara ao ex-presidente Lula da Silva”.
O Clarín também apontou que o presidente “garantiu que seu país é favorável ao investimento estrangeiro e que fará o leilão da rede de tecnologia 5G”, e reforçou que Bolsonaro “defendeu sua política ambiental, convidando o mundo a visitar a Amazônia”.
“Breve discurso”, classificou o jornal sobre a fala de Bolsonaro, apontando que ele rejeitou “restrições como a aplicação de passaportes de saúde”. O periódico argentino também ressaltou a realização de protestos contra o presidente brasileiro e lembrou que ele é o único líder presente na Assembleia Geral que declarou não estar vacinado.
A emissora catari Al Jazeera apontou para a fala de Bolsonaro na ONU, em que o p´residente disse que as leis ambientais de seu governo deveriam servir de modelo para o mundo, ressaltando que “líder de extrema direita, que pressionou para abrir mais a floresta amazônica para mineração e agricultura” e que ele foi “criticado por aumentar o desmatamento sob seu governo”.
“Em tom conciliador, ele disse à ONU que seu governo estava levando a sério a proteção da Amazônia e dobrando o financiamento para a fiscalização ambiental para combater o desmatamento ilegal”, declarou a emissora.
Bolsonaro ofereceu sua “própria versão sobre o Brasil na ONU”, apontou a emissora venezuelana TeleSur. E ressaltou ainda que, apesar de o presidente ter declarado que não há mais corrupção no país, a Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) do Senado Federal brasileiro “investiga sua gestão durante a pandemia” desde agosto de 2021, “sobre indícios de corrupção por superfaturamento no contrato entre o Ministério da Saúde e a empresa Precisa de Remédios para o aquisição da vacina Covaxin”.