A deputada do Partido Socialista português Isabel Moreira disse nesta segunda-feira (10/12), durante a Conferência Internacional em Defesa da Democracia, realizada pela Fundação Perseu Abramo, em São Paulo, que o presidente eleito, Jair Bolsonaro, não representa os valores que o cargo exige e que, na verdade, é tudo aquilo que deveria ser condenado pelo chefe do Executivo do país.
Segundo a deputada, “Bolsonaro é tudo o que um líder de uma democracia deveria rejeitar”. Para ela, o discurso do presidente eleito é característico do fascismo. “A crítica aos direitos sociais e o endeusamento do capital leva à hiperliberalização através do poder atribuído ao homem branco e à repressão das minorias. Isso é característico do fascismo”, disse Moreira.
A socialista ainda afirmou ser necessária “uma educação cívica, para saber o que foi nossa história, nosso passado”. “Uma educação crítica é essencial para as pessoas perceberem que um discurso como o de Bolsonaro e o de Trump são ecos de uma história que já existiu.”
Para a deputada, propostas como o da “Escola sem Partido” e a forte presença de setores religiosos no poder executivo do Brasil representam um grande entrave para o avanço de políticas progressistas.
“Ganhar a luta pelo direito ao aborto é conquistar a laicidade do estado. É impossível ter uma agenda progressista com uma bancada evangélica como vocês têm no Parlamento. Quanto à educação, uma escola com partido é uma escola que toma partido pela democracia”, disse a socialista.
Eleitores fascistas
O diretor da Frente Ampla do Uruguai, Javier Miranda, que também compôs a mesa ao lado de Moreira e do ex-chanceler Celso Amorim, afirmou que nem todos os eleitores de Bolsonaro são fascistas e que a sociedade possui temores com relação à política.
“Não existem 50 milhões de fascistas no Brasil. Uma população tem seus medos e ambições que, talvez, nós não consigamos traduzir”, disse o uruguaio.
Miranda ainda afirmou que a ameaça à democracia não é um fator novo, nem as representações que se apresentam como “proposta de renovação”, como Bolsonaro e Donald Trump. “A negação da política como forma de organizar a sociedade. Isso é o que a direita está fazendo, ela usa a demonização da política como forma de chegar ao poder”, disse.
Reprodução
Isabel Moreira: “Bolsonaro é tudo o que um líder de uma democracia deveria rejeitar”