China e Brasil levarão a mesma mensagem para a reunião de chefes de Estado do G20, marcada para 2 de abril, em Londres. Os dois países condenarão as medidas protecionistas embutidas nos pacotes econômicos anti-crise dos países ricos. O discurso foi afinado hoje (19), durante visita do vice-presidente chinês, Xi Jinping, ao Brasil.
Na manhã de hoje, o líder chinês teve encontro privado com o presidente Luiz Inácio Lula da Silva. Depois, reuniu-se com o ministro das Relações Exteriores, Celso Amorim. As barreiras comerciais aplicadas pela China entraram em pauta, uma vez que um dos objetivos bilaterais é buscar o equilíbrio nas trocas comerciais. Nos dois últimos anos, o Brasil registrou déficits de US$ 1,82 bilhão e US$ 3,63 bilhões na balança com a China, terceiro maior parceiro comercial do país (atrás apenas dos Estados Unidos e da Argentina).
Segundo fontes diplomáticas, estão avançadas as negociações para abertura do mercado chinês à carne suína produzida no Brasil e, em breve, devem ser normalizadas as importações de carne bovina, suspensas em 2005 devido aos focos de febre aftosa em alguns estados brasileiros. Hoje, a China só importa de frigoríficos do Rio Grande do Sul, de Santa Catarina, do Acre e de Rondônia, embora 17 estados brasileiros sejam reconhecidos pela Organização Mundial de Saúde Animal como livres aftosa.
Em dezembro, Brasil e China já haviam chegado a um acordo para a reabertura do país oriental à carne de frango in natura de 24 frigoríficos brasileiros. Naquela ocasião, também foi assinado protocolo de entendimento para aceleração do diálogo sobre a carne suína, com previsão de liberação para o segundo semestre de 2009.
Cooperação em energia e mineração
Além de questões comerciais, Brasil e China trataram sobre a cooperação na área de energia e mineração. Protocolo firmado entre os dois governos prevê cooperação e troca de experiências na produção e no uso de etanol combustível, e esforços conjuntos na criação de um mercado internacional para o etanol.
O acordo ainda prevê, entre outras coisas, o processamento conjunto de minerais como ferro, alumínio, cobre e carvão, a cooperação no refino de petróleo pesado e o incentivo ao desenvolvimento de petróleo, gás natural e outros recursos naturais em terceiros países.
Outros sete acordos foram assinados hoje entre empresas dos dois países. A Petrobras acertou com a petrolífera estatal chinesa Sinopec a exportação de 60 a 100 mil barris de petróleo/dia, e finaliza negociação com outra estatal, a CNPC, para a comercialização de 40 a 60 mil barris/dia. Também firmou memorando de entendimento com o Banco de Desenvolvimento da China (CDB) para financiamentos de até US$ 10 bilhões para exploração de petróleo no Brasil – o acordo será finalizado nos próximos meses para assinatura em maio, durante visita do presidente Luiz Inácio Lula da Silva à China.
A empresa Energia Sustentável do Brasil assinou acordo com a Donfang Energy para fornecimento de 18 turbinas para a Usina de Jirau, no Complexo Hidrelétrico do Rio Madeira. O Banco de Desenvolvimento da China fechou acordos para linhas de financiamento com o Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES) e com o Itaú-BBA. Também foi assinado acordo de cooperação técnica e científica entre a Huawei do Brasil e a Fundação Universidade de Brasília.
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