Terça-feira, 10 de junho de 2025
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O cinema latino-americano não gera bilheterias fartas nem ameaça a hegemonia de Hollywood, mas, pelas conquistas recentes, dá para notar que já se tornou o queridinho dos festivais. A presença de filmes da região em mostras cinematográficas internacionais tem sido mais significativa a cada ano, ao mesmo tempo em que muitos realizadores latinos são premiados com seus fundos de apoio à produção.

Um dos momentos mais marcantes aconteceu no ano passado, quando o Festival de Cannes, o mais importante da Europa, incluiu na competição oficial quatro películas de carimbo sul-americano: os brasileiros “Linha de passe”, de Walter Salles e Daniella Thomas, e “Ensaio sobre a cegueira”, de Fernando Meirelles, e os argentinos “Leonera”, de Pablo Trapero, e “La mujer sin cabeza”, de Lucrecia Martel. Nenhum deles levou a Palma de Ouro, mas todos (especialmente por serem obras de diretores já consagrados) voltaram pra casa devidamente reconhecidos, com ótimas críticas na mala.

Mais emocionante foi o que aconteceu no fim de semana passado, no Festival de Berlim. Pela primeira vez no evento, um filme peruano participou da competição oficial, e já levou o Urso de Ouro. A façanha é de “La teta asustada”, que conta a história de Fausta, fruto de uma das tantas violações cometidas por grupos guerrilheiros (especialmente o Sendero Luminoso) no Peru. Feito em parte com apoio do World Cinema Fund, do mesmo festival, esse é o segundo longa-metragem da peruana Claudia Llosa (“Madeinusa”), de 32 anos, há seis anos radicada em Barcelona.

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Berlim se tornou nos últimos anos um dos espaços de maior abertura ao cinema brasileiro. A tríade latina de vencedores de Ursos de Ouro na Berlinale, formada por “Central do Brasil”, de Walter Salles, em 1998, “Tropa de elite”, de José Padilha, em 2008, e agora “La teta asustada”, estimula toda uma geração de diretores.

Como Claudia, eles sonham com Berlim e mais. “Necessitamos de mais vozes que mostrem outras facetas dos nossos países. Temos que, aos poucos, romper com esse olhar estereotipado que enxerga nesses filmes o exótico ou acha que queremos mostrar a miséria para vender”, declarou a diretora à Folha de São Paulo, após o triunfo na Berlinale.

Assista ao trailer de “La teta asustada”.

 

* Editora do site La Latina.

Cinema latino conquista festivais; em Berlim, filme peruano faz história

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