Após um encontro de uma hora com o subsecretário norte-americano para o Hemisfério Ocidental, Arturo Valenzuela, o assessor especial da Presidência para assuntos internacionais, Marco Aurélio Garcia, afirmou hoje (14) que tanto o Brasil quanto os Estados Unidos consideram “fundamental” a concessão de um salvo-conduto ao presidente deposto de Honduras, Manuel Zelaya.
O salvo-conduto permitiria a saída de Zelaya da embaixada brasileira para um outro país, de forma pacífica, mas o documento precisa ser assinado pelo próprio presidente golpista, Roberto Micheletti.
O comentário foi feito logo após a reunião, que, segundo Garcia, foi “cordialíssima”. O assessor brasileiro afirmou que EUA e Brasil têm uma posição em comum sobre o governo golpista de Honduras, chefiado por Micheletti.
“Nós achamos que deve existir um acordo em que o presidente Micheletti deixe o cargo, e seria fundamental que fosse concedido um salvo-conduto ou outro instrumento que permita ao presidente Zelaya ir adiante”, disse Garcia.
Na semana passada, o governo golpista vetou uma tentativa de Zelaya de se transferir para o México. Segundo Micheletti, Zelaya poderá sair do país se renunciar à presidência, condição que não foi aceita por Zelaya, hospedado na Embaixada do Brasil em Tegucigalpa desde o dia 21 de setembro.
Divergências
O Brasil e os EUA têm uma posição em comum sobre saída de Micheletti do poder, mas ainda não existe consenso entre os dois países sobre o governo eleito de Porfírio Lobo. Essa discussão, segundo Garcia, deve ficar mais para frente.
O Brasil garante que não reconhecerá o governo de Pepe Lobo, eleito no dia 29 de novembro. Já os EUA veem a eleição de Lobo como uma forma de solucionar o impasse político em Honduras.
“Os Estados Unidos acreditam que a eleição pode criar um cenário favorável. E ficamos de ter contato permanente com os dois governos”, disse o assessor do presidente Luiz Inácio Lula da Silva.
De acordo com Garcia, “tanto para o governo americano como para o governo brasileiro, [a eleição] não é condição suficiente para a normalização democrática” e os EUA “mantêm a posição de considerar Zelaya como presidente legítimo de Honduras”.
Upgrade
Em entrevista a jornalistas antes de embarcar para Brasília, Valenzuela procurou minimizar as divergências em relação à crise política hondurenha.
“Podemos ter diferentes avaliações sobre determinadas coisas enquanto seguimos em frente”, afirmou. “Não acredito que estejamos em desacordo”, acrescentou o principal assessor de Barack Obama para a região.
Em entrevista concedida à agência de notícias italiana ANSA, Marco Aurélio afirmou que as relações com os EUA “já eram boas” no governo de George W. Bush, mas “deram um upgrade” com Obama, empossado em janeiro.
“As relações entre Estados Unidos e Brasil são fundamentais e vamos cultivá-las da melhor maneira possível”, afirmou.
Hoje, Valenzuela se reuniu também com o secretário-geral do Itamaraty, Antônio Patriota, ex-embaixador em Washington. Amanhã, o norte-americano viajará à Argentina, ao Uruguai e ao Paraguai. Temas como Honduras, bases militares na Colômbia, combate ao narcotráfico, e segurança estão na pauta das reuniões. Esta é a primeira viagem de Valenzuela desde que assumiu o cargo, em novembro.
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