Após ter recebido na véspera a visita do presidente de Israel, Shimon Peres, a Câmara aprovou hoje (12) o acordo comercial do Mercosul com Israel. O documento precisa agora ser votado pela CRE (Comissão de Relações Exteriores) do Senado e no plenário. Se for aprovado, será o primeiro tratado de livre comércio do Mercosul com um país fora do continente americano – o bloco tem apenas um, firmado com a Colômbia em 2005.
O presidente da Fiesp (Federação das Indústrias do Estado de São Paulo), Paulo Skaf, afirmou que a visita de Shimon Peres a Brasília foi fundamental para a aprovação do acordo pelos deputados. A negociação para aprovação do acordo comercial tramitava no Brasil desde 2005.
O acordo foi aprovado pelo Uruguai em setembro de 2006 e pelo Paraguai em maio de 2008. Agora, está pendente de aprovação apenas pelo Brasil e pela Argentina. Apesar disso, o tratado tem vigência bilateral – isto é, aprovado pelos parlamentares brasileiros, já pode vigorar entre o Brasil e Israel, sem ter de esperar pela aprovação do parlamento argentino.
Entre as transações comerciais de Israel com o bloco, 80% do volume se dá com o Brasil.
O Brasil é deficitário na balança comercial com Israel, que em 2008 fechou com saldo negativo de 823 milhões de dólares. Porém, a relação comercial mais que triplicou nos seis últimos anos, subindo de 506 milhões de dólares em 2003 para mais de 1,6 bilhão de dólares em 2008. No ano passado, as exportações brasileiras para Israel somaram 399 milhões de dólares e as importações, 1,2 bilhão de dólares.
Em relação aos produtos, o Brasil exporta para Israel principalmente carnes (34,8%), e nas importações a pauta é altamente concentrada em adubos e fertilizantes (61,9%) e produtos químicos orgânicos (10,2%).
Relações conturbadas
Depois de Brasília, o presidente israelense esteve em São Paulo, onde se encontrou com empresários brasileiros na sede da Fiesp.
Ao ser questionado sobre a possibilidade de o ingresso da Venezuela no Merscosul atrapalhar a extensão do tratado comercial com Israel para os outros países do bloco (já que o presidente Hugo Chávez às vezes critica políticas do Estado judeu), Shimon Peres afirmou que acredita na existência de uma “relação de cooperação, e não no ódio”.
Israel não mantém relações diplomáticas com a Venezuela desde janeiro, quando, por causa da ofensiva israelense na Faixa de Gaza, Chávez ordenou a retirada do embaixador venezuelano de Tel-Aviv.
“Chávez é um homem especial. Em muitos pontos concordo com ele, como a necessidade de economizar água no banho, por exemplo. Mas em outros, não”, disse Peres a jornalistas na Fiesp.
“O Mercosul não adotará as políticas de Hugo Chávez. Ele é que tem de se adequar ao Mercosul”, completou.
Ao se referir ao rompimento de relações diplomáticas com a Venezuela, Peres afirmou desconhecer a existência de uma “invasão na Faixa de Gaza”. Segundo ele, Israel quer ser um Estado “amigo” dos árabes, e afirmou que seu país já “deixou” terras para palestinos e libaneses.
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