O México assistiu neste domingo (07/04) o primeiro debate relativo à eleição presidencial, marcada para o dia 2 de junho e que deve escolher quem será a primeira mulher a governar o país.
Duas candidaturas femininas lideram as pesquisas desde o início do ano: a de Claudia Sheinbaum, ex-prefeita da Cidade do México e apoiada pelo presidente progressista Andrés Manuel López Obrador, e a de Xóchitl Gálvez, empresária e atual senadora que lidera uma coalizão de partidos que vão da direita tradicional à extrema direita.
O embate entre as duas candidatas era a principal atração do debate deste domingo, transmitido em rede nacional e organizado pelo Instituto Nacional Eleitoral (INE), principal autoridade eleitoral do país. E, segundo a pesquisa realizada pela consultora Enkoll, junto com a Rádio W e o jornal espanhol El País, Sheinbaum foi a preferida do público.
Os números da sondagem mostram que 46% dos entrevistados consideraram que a performance da candidata de esquerda, representante do partido governista Movimento de Regeneração Nacional (Morena), foi a preferida do público.
Outros 25% afirmaram a opositora de extrema direita foi melhor. O terceiro participante do debate, Jorge Álvarez Máynez (do partido social-democrata Movimento Cidadão), obteve 10%.
Farpas sobre Equador
Durante o debate, o momento mais tenso foi quando Gálvez atacou Sheinbaum e o presidente López Obrador pelo asilo político concedido pelo mandatário ao ex-vice-presidente equatoriano Jorge Glas, que resultou na invasão da Embaixada do México em Quito por parte dos órgãos de segurança do país sul-americano.
Segundo a candidata de extrema direita, “nosso governo vai mudar as estruturas do México, que deixará de ser refúgio para os corruptos de dentro e de fora do país”, em referência ao caso de Glas, condenado por um caso de corrupção no Equador – mas que alega ser vítima de uma perseguição judicial por parte do braço internacional da Operação Lava Jato, sem contar o fato de que ele já cumpriu seis dos oito anos de prisão impostos pela Justiça equatoriana.
Em sua resposta, a candidata governista apresentou uma lista de casos de corrupção envolvendo figuras dos partidos que apoiam Gálvez, incluindo o Partido Revolucionário Institucional (PRI) e o Partido da Ação Nacional (PAN).
“O único governo da história do México que tem resultados demonstráveis no combate à corrupção é o do Morena, com um sistema de tolerância zero às irregularidades que nós também implementamos na prefeitura da capital e que será mantido em todas as nossas administrações a nível nacional e regional”, rebateu Sheinbaum.
Intenção de voto
Curiosamente, a análise estatística sobre as performances no debate mostra um cenário parecido ao exibido nas mais recentes pesquisas de intenção de voto, nas quais a governista mantém uma vantagem ainda mais ampla.
A última medição divulgada oficialmente, em 25 de março, pela consultora MetricsMX, aponta Sheinbaum na liderança com 57,1 das preferências, além de uma vantagem de mais de 30 pontos sobre Gálvez, que aparece com 23,7%. Álvarez Máynez fica em terceiro, com 4,8%. O número de indecisos é de 10,2%.
A eleição presidencial no México é em turno único, ou seja, a candidatura que terminar como a mais votada no dia 2 de junho será a vencedora, mesmo que não supere os 50% dos votos.
Ainda assim, todas as pesquisas divulgadas desde janeiro afirmem que Sheinbaum superará esse percentual – algumas, inclusive, a mostram com intenção de voto acima dos 60%.
O favoritismo da candidata de esquerda se dá pelo fato de que ela mesma terminou seu mandato como prefeita da capital mexicana (entre 2018 e 2023) com 70% de avaliação positiva, e além disso é apoiada pelo presidente López Obrador, cujo governo mantém uma aprovação acima dos 65%.