Trinta anos depois que Reino Unido e Argentina protagonizaram uma guerra pelas Ilhas Malvinas, as tensões ressurgem.
Entretanto, ao contrário de 1982, desta vez o principal ponto de controvérsia se encontra no petróleo, afirmam legisladores desse disputado território. Quatro empresas britânicas anunciaram planos de busca por petróleo em torno das Malvinas, que ficam a 480 quilômetros da costa continental argentina. Estas empresas suspeitam que, sob este arquipélago do sul do Oceano Atlântico, existam reservas de óleo que mais do que triplicam às atuais do Reino Unido.
As Ilhas Malvinas, ocupadas pelos britânicos desde 1833, foram invadidas militarmente em 2 de abril de 1982 por decisão do último governo da ditadura civil-militar argentina (1976-1983), país que reclama historicamente soberania sobre o arquipélago. A guerra durou até 10 de junho, quando as forças da Argentina se renderam diante do poderio bélico e tecnológico das tropas do Reino Unido. “Tristemente, neste momento a Argentina torna a vida muito difícil, provavelmente porque estamos explorando em busca de petróleo em águas em volta das ilhas”, disse Roger Edwards, presidente da Assembleia Legislativa das Falklands, denominação britânica para o arquipélago. Edwards, que esteve em Granada no começo de uma visita a várias ilhas do Caribe de língua inglesa, declarou à IPS que a Argentina “praticamente submete as ilhas a um bloqueio econômico. Ameaçam interceptar navios que comercializam com as ilhas”.
Edwards acrescentou que Buenos Aires também procura fazer com que cada vez mais países se alinhem com sua posição, para ampliar a proibição de entrada em portos da região dos navios com bandeira das Malvinas. Seu comentário se refere à decisão nesse sentido adotada em dezembro pelo Mercosul, integrado por Argentina, Brasil, Paraguai, Uruguai, e a Venezuela em processo de adesão plena.
Também afirmou que “a Argentina quer dominá-los e colonizá-los. Não cremos que isto seja certo, mas tampouco queremos que o Reino Unido determine nosso futuro. Realmente queremos nós mesmos determinar nosso futuro”. No entanto, Edwards não conseguiu todo apoio em sua viagem. Além de Granada, onde a delegação foi “bem recebida”, segundo disse, no restante da região caribenha de língua inglesa há dúvidas e posições ambivalentes.
Santa Lúcia, por exemplo, país que recebeu o status de “membro especial” da Alba, apoia o direito dos malvinenses à sua autodeterminação desde 1985, três anos após o fim do conflito. Porém, esse apoio fica sob exame enquanto esta ilha se prepara para integrar o grupo multilateral. San Vicente e Granadinas, que é membro pleno da Alba, já disse que seu apoio a uma resolução do bloco de proibir a entrada em seus portos de barcos com bandeira das Malvinas é “simbólico”.
Ao regressar de Caracas, o primeiro-ministro são-vicentino, Ralph Gonsalves, disse no dia 8 aos jornalistas que a cúpula da Alba agregou apenas um parágrafo a uma resolução adotada em dezembro pela Celac (Comunidade de Estados Latino-Americanos e Caribenhos). Gonsalves recordou que a Celac havia dito que “apoiava a causa dos argentinos em princípio, mas que mais particularmente pedia que o assunto se resolvesse dentro do contexto do debate que acontece sobre a soberania destas ilhas mediante os mecanismos da ONU”.
“E isso é basicamente o que se reformula com esta declaração: a adição real foi o parágrafo que diz “apoiar a decisão dos países da região de proibir que embarcações com a bandeira colonial imposta às Malvinas entrem em seus portos”, acrescentou, lembrando que este gesto é “simbólico”, pois em San Vicente e Granadinas não chegam navios das Malvinas. O governo de Antígua e Barbuda também manifestou que apoiaria “uma solução pacífica e definitiva” para a disputa, e se recusou aderir ao bloqueio de navios procedentes do arquipélago das Malvinas.
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