O presidente do Paraguai, Horácio Cartes, propôs neste domingo (02/04) uma mesa de diálogo com todos os partidos representados no Parlamento para encontrar uma solução à crise política que surgiu no país após a aprovação de um projeto de emenda constitucional para permitir a reeleição, na última sexta-feira (31/03).
Em um pronunciamento em vídeo transmitido pela TV paraguaia, o mandatário pediu “a abertura imediata de um amplo debate, cuja única condição seja a vontade de chegar a acordos para uma democracia duradoura”.
O presidente disse estar convencido de que os políticos do país “estão em dívida com a cidadania na busca de um consenso criativo e patriótico para superar nossos problemas históricos”.
Cartes propôs que a mesa de diálogo reúna um representante do Poder Executivo, os presidentes da Câmara dos Deputados e do Senado, os presidentes de todos os partidos políticos com representação parlamentar, e um representante da Conferência Episcopal paraguaia – em resposta a pedido do papa Francisco, no último sábado (01/04), para que o país busque uma solução política às disputas sobre a reeleição.
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Horácio Cartes, presidente do Paraguai, propôs mesa de diálogo com parlamentares sobre emenda para reeleição
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Após a aprovação na sexta-feira (31/03) do projeto de emenda constitucional para permitir a reeleição no país, que estava vetada desde 1992, manifestantes invadiram e incendiaram o Congresso. A polícia reprimiu o protesto, que acabou com a morte de um manifestante, atingido por um tiro na cabeça disparado por um policial, e com vários feridos.
Tenemos fe en que el Paraguay saldrá adelante. https://t.co/lHJhMWXZRS
— Horacio_Cartes (@Horacio_Cartes) 3 de abril de 2017
O projeto de emenda constitucional, que deve passar por um referendo popular para ser efetivado, foi aprovado após uma mudança em artigos do regimento do Senado na terça-feira (28/03), que alterou a maioria necessária para que sejam aprovadas moções de ordem, de dois terços (30) para maioria absoluta (23) de senadores. Tal mudança também tirou o poder do presidente do Senado de não colocar à apreciação projetos ou comunicações e modificou o calendário de eleição da mesa diretora da Casa.
A emenda que autoriza a reeleição permite uma nova candidatura presidencial de Fernando Lugo, destituído em um golpe parlamentar em 2012 e hoje senador, e de Cartes, e tem apoio da Frente Guasú, coalizão partidária de Lugo, e do Partido Colorado, do atual presidente. Por outro lado, o Partido Liberal, o maior da oposição e líder das manifestações, além de outras forças opositoras, alegam que a emenda é anticonstitucional como meio de facultar um segundo mandato presidencial.
Uma pesquisa de intenção de voto para as eleições de 2018 no Paraguai publicada no começo de março pelo jornal Última Hora indica que Lugo tem 52,6% da preferência do eleitorado para a Presidência do país. Cartes, presidente desde agosto de 2013, apareceu em segundo lugar com 11,9%.