O ministro das Relações Exteriores da Rússia, Sergei Lavrov, negou neste sábado (29/03) que o governo tenha planos de invadir o território ucraniano, após Kiev e os EUA denunciarem uma concentração de tropas blindadas russas na fronteira entre os dois países. “Não temos absolutamente nenhuma intenção e interesse em cruzar a fronteira com a Ucrânia”, afirmou Lavrov à Vesti 24.
Efe
Lavrov, ministro das Relações Exteriores russo, vai se encontrar com o secretário de Estado dos EUA, John Kerry, domingo à noite em Paris
Na sexta (28/03), a chancelaria russa já havia negado a possibilidade de tropas na região, alegando que as inspeções ocidentais e ucranianas não detectaram nenhum tipo de mobilização militar ou “exercício agressivo” na porção leste da fronteira. Segundo Lavrov, o Kremlin está interessado apenas em proteger os direitos dos cidadãos russos que moram na Ucrânia.
Leia mais: Ex-premiê da Ucrânia diz que concorrerá à presidência
Em sua opinião, a atual situação de Kiev é o resultado de “uma profunda crise estatal”, acrescentando que a Ucrânia deveria se tornar uma república federativa para que as suas regiões tivessem mais autonomia. “As coisas não podem continuar assim. Acredito que uma reforma constitucional é extremamente necessária, pois é muito difícil viver em um estado unitário”, sustenta.
Encontro com Kerry
Ademais, Lavrov ressaltou que o posicionamento entre a Rússia e o Ocidente a respeito da crise ucraniana está cada vez mais próximo nos últimos dias. “Meus últimos contatos com os EUA, Alemanha, França e outros países demonstram que uma possível iniciativa conjunta está emergindo”, explicou o chanceler.
Prova disso é que Lavrov vai encontrar amanhã (30/03) à noite o secretário de Estado norte-americano, John Kerry, em Paris. Ao terminar uma rodada internacional na Arábia Saudita, Kerry estava retornando para aos EUA ao lado do presidente Barack Obama, mas mudou de última hora seus planos para reunir-se com o chanceler russo na capital francesa, com o intuito de discutir a crise ucraniana.
NULL
NULL
Ontem, os senadores republicanos estadunidenses John McCain e Lindsey Graham pediram à Obama que envie armas à Ucrânia diante do agravamento da crise com a Rússia.
Na quinta-feira (27/03), a Assembleia Geral da ONU aprovou uma resolução declarando o referendo da Crimeia inválido porque “não foi autorizado” pelo governo da Ucrânia. O texto teve 100 votos a favor, 11 contra e 58 abstenções, incluindo a do Brasil.
Nos últimos dias, Obama pediu às nações europeias e seus outros aliados que considerem ampliar as sanções contra Moscou se a situação na Ucrânia se agravar. O presidente dos EUA também prometeu melhorar a proteção da Otan (Organização do Tratado do Atlântico Norte) aos países membros ao longo da fronteira com a Rússia.