O chanceler uruguaio, Luis Almagro, foi o protagonista inesperado da reunião entre Mercosul e Aliança do Pacífico, realizada nesta segunda-feira (24/11), em Santiago do Chile. Lançado pelo presidente José Mujica como candidato à secretaria-geral da OEA (Organização de Estados Americanos), cuja votação será em março de 2015, Almagro angariou importantes manifestações de apoio durante o encontro na capital chilena.
Durante o debate de ontem, o segundo entre os dois blocos, o chanceler argentino, Héctor Timerman, foi o primeiro a usar a palavra em favor do homólogo uruguaio, ao dizer que espera “que no próximo evento já tenhamos outro colega representando os vizinhos uruguaios, pois o chanceler Almagro contará com o voto da Argentina para chegar ao cargo máximo da OEA”.
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Almagro (à direita) fala com seu colega paraguaio, Eladio Loziaga, durante reunião no Chile, nesta segunda-feira
Nas entrevistas coletivas, antes do almoço, foi a vez dos representantes de Brasil e Paraguai se pronunciarem sobre a sucessão de José Miguel Insulza na OEA. O chanceler brasileiro, Luiz Alberto Figueiredo, disse que “o Uruguai é um país com quem o Brasil tem grande sintonia hoje em temas ligados à integração regional, por isso é natural que estejamos apoiando a candidatura de Almagro”. O representante do Paraguai, Eladio Loziaga, por sua vez, confirmou o voto do país em favor da candidatura uruguaia, mas ressaltou que ainda não se pode falar num apoio formal do Mercosul, já que falta uma declaração oficial sobre o tema por parte da Venezuela – que, junto com a Colômbia, foram os dois grandes ausentes do evento.
Dos países da Aliança do Pacífico, o único que expressou sua posição em favor da candidatura de Almagro foi o anfitrião Chile, através da própria presidente Michelle Bachelet. Já o Peru, através do chanceler Gonzalo Gutiérrez, preferiu não emitir opinião, já que o país recentemente desistiu de levar adiante a candidatura do ex-embaixador Diego García Sayán e agora estuda o cenário para tomar sua decisão.
No momento, o único concorrente que Luis Almagro terá para o cargo será o ex-vice-presidente da Guatemala Eduardo Stein. A apresentação formal das candidaturas diante dos embaixadores da OEA será no dia 18 de fevereiro de 2015.
Mobilidade de pessoas
Apesar de a presidente Bachelet ter dito, em seu discurso de abertura, “que a Aliança do Pacífico e o Mercosul devem deixar de dar as costas um para o outro”, a verdade é que não houve grandes acordos no final do dia. Ainda assim, o chanceler chileno, Heraldo Muñoz, considerou o encontro “uma aproximação importante, que talvez seja histórica se a partir desse começo consigamos gerar frutos concretos a médio ou longo prazo”.
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Um dos temas mais comentados no encontro foi o da mobilidade de pessoas, já que os chanceleres do Peru e do México destacaram o mecanismo instalado no Mercosul para o trânsito de pessoas entre os países do bloco. “É um modelo de simplificação que a Aliança poderia copiar, ou melhor, poderia ser a ideia inicial de um sistema ainda mais simples e que poderíamos implantar em todo o continente”, segundo o chanceler peruano Gutiérrez.
Laurence Maxwell
Outro tema que também marcou a jornada foi o conflito entre o Chile e o México, devido à prisão do documentarista chileno Laurence Maxwell, ocorrida neste fim de semana, no país asteca. Familiares de Maxwell estiveram presentes e conversaram pessoalmente com o chanceler José Antonio Meade.
Agência Efe
Maioria dos chanceleres da América Latina compareceu à reunião no Chile; baixas foram Colômbia e Venezuela
O cineasta chileno foi preso sob a acusação de iniciar os distúrbios em uma das manifestações ocorridas no país, no último fim de semana. Segundo a Justiça mexicana, a pena para esse tipo de delito poderia chegar a 20 anos de prisão. O chanceler chileno também conversou com os parentes de Maxwell e disse que a embaixada chilena no México entregará todo o apoio jurídico possível para o caso.