O presidente da Venezuela, Hugo Chávez, protestou hoje (18) contra a cooperação militar entre Estados Unidos e Holanda, alegando que as operações norte-americanas no Caribe são parte de esforços para preparar um ataque contra a Venezuela. Os EUA negam a acusação.
Chávez alegou que militares norte-americanos têm enviado espiões, navios de guerra e aviões de espionagem para três ilhas de possessão holandesa perto da costa da Venezuela: Aruba, Curaçao e Bonaire.
“O Reino dos Países Baixos está preparando, junto com o império ianque, uma agressão militar contra a Venezuela”, afirmou Chávez após reunião da conferência da ONU sobre mudança climática (CoP-15) em Copenhague, na Dinamarca. “Estou apontando o dedo para a Holanda”.
Chávez apelou à União Europeia para intervir na situação. “Eu quero ver o que a União Europeia vai dizer sobre isso”, desafiou o presidente, segundo informações da agência de notícias venezuelana ABN. “A Europa deve saber que o império norte-americano está armado até os dentes”.
A porta-voz da Embaixada dos EUA em Caracas, Robin Holzhauer, afirmou que as acusações são “completamente infundadas”.
“Nós temos um acordo de quase dez anos com a Holanda para operá-las – que são chamadas de operações locais estrangeiras”, disse a porta-voz ao Opera Mundi. Ela acrescentou que o objetivo das operações é combater o tráfico ilegal de drogas. “Eu poderia dizer que nosso índice de sucesso na interceptação e paralisação do tráfico fala por si sobre o sucesso da missão”.
Oficiais da Embaixada da Holanda em Caracas não atenderam os telefonemas da reportagem para comentar o caso. Mas um oficial holandês em Copenhague negou as denúncias e disse que os EUA somente usam pistas de pouso em Curaçao e Aruba para combater o tráfico de drogas.
Nova geopolítica
Chávez tem acusado os EUA de planos para invadir a Venezuela repetidamente. Na quinta-feira (17), ele também reiterou o descontentamento com a decisão da Colômbia de permitir o acesso de tropas norte-americanas à bases militares em seu território, um acordo que ele chama de ameaça à América Latina.
“Agora, o império ianque está ocupando as bases militares na Colômbia e está reativando as bases militares no Caribe, em Aruba, em Curaçao”, disse Chávez, acrescentando que a ação é parte do plano de Washington para minar os governos de esquerda da região – incluindo Equador, Nicarágua, Bolívia e Cuba.
“Isto é parte de uma nova geopolítica mundial”, afirmou.
Autoridades da Colômbia e dos EUA negam que existam razões para preocupação, também alegando que o acordo pretende aumentar os esforços no combate ao tráfico de drogas.
Visão diferente
Riordan Roett, diretor do Programa de Estudos Latino-Americanos da Universidade Johns Hopkins, em Washington (EUA), afirmou ao Opera Mundi que “Chávez tem uma visão muito diferente do mundo”.
“Não existe absolutamente nenhuma verdade na ideia de que os EUA vão invadir a Venezuela. Não há nenhuma razão para invadir a Venezuela, exceto pelo petróleo, e Chávez não tem outra opção a não ser vender o petróleo para os EUA, porque precisa da receita”, disse Roett.
O petróleo representa mais de 90% da receita de exportação na Venezuela, que permanece como quarto maior fornecedor de petróleo para os EUA, apesar das persistentes tensões entre os dois países.
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