Presos mapuche – grupo indígena do sul do Chile – iniciaram uma greve de fome líquida, somente com a ingestão de água, para exigir garantias da justiça chilena.
O objetivo é conseguir a libertação de presos políticos ligados ao movimento indígena, considerado “terrorista” pelo governo desde a ditadura de Augusto Pinochet (1973-1990) e “a desmilitarização e fim da repressão às comunidades mobilizadas por seus direitos políticos e territoriais”, explicaram em um comunicado.
Os presos disseram que levarão o protesto iniciado nesta segunda-feira (12/7) até “as últimas consequências”.
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Os mapuche formam o grupo indígena mais numeroso do Chile, representando 6,6% da população total, de 16 milhões de habitantes. Com a greve de fome, querem também o fim de medidas contrárias ao movimento criadas durante a ditadura de Augusto Pinochet, como a aplicação da Lei Antiterrorista para as causas mapuches e processos abertos na Justiça Militar contra eles.
“Lei Antiterrorista”
O grupo se organizou como movimento social nos anos 1980 para defender
os direitos das terras originárias. Os indígenas alegam que suas terras
estão sendo exploradas “de forma irracional” por empresas privadas, que
estão desmatando a região e prejudicando seu modo de vida. Criticam, por
exemplo, a construção de uma represa e a instalação de uma fábrica de
celulose, que desmatou dois mil hectares de terras de povos ancestrais.
Para tentar conter os protestos, o então governo militar criou a Lei Antiterrorista e permite que os acusados fiquem em prisão preventiva durante dois anos e impede que os advogados da defesa acompanhem os depoimentos e tenha acesso ao processo. Apesar de já ter sido criticada pela ONU (Organização das Nações Unidas), essa legislação ainda existe.
“Pela não aplicação da Lei Antiterrorista nas causas Mapuche da legislação Pinochetista”, afirmam os presos no comunicado. No texto, os mapuches pedem também que o governo do presidente Sebastián Piñera se posicione diante da situação dos presos políticos do país, “como fez com os presos da direitista dissidência cubana”.
Alguns deles estão na prisão há cinco anos. Dos 23 presos mapuches que participam desta greve, 15 estão na cadeia El Manzano, da cidade de Concepción, a 515 quilômetros da capital Santiago, e os demais em Temuco, a 670 quilômetros ao sul da capital.
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