O governo do Chile anunciou nesta sexta-feira (7/1) o reconhecimento do Estado palestino como um estado “livre, independente e soberano”, mas sem fazer referência às fronteiras anteriores a 1967. A declaração oficial foi anunciada pelo chanceler do país, Alfredo Moreno, confirmando a expectativa de que o país iria se juntar ao Brasil, à Argentina, à Bolívia e a outros governos latino-americanos que reconheceram ou anunciaram a intenção de reconhecer em breve a Palestina como país.
Questionado pelo Opera Mundi sobre a ausência de menções às fronteiras do Estado palestino, o Ministério das Relações Exteriores do Chile respondeu
que o reconhecimento se deu segundo todas as resoluções da ONU, sem citar especificamente a Resolução 242, que determina que Israel devolva os territórios ocupados na Guerra dos Seis Dias, em 1967.
“Nosso reconhecimento tem base nas resoluções da ONU, que são a base adequada para as negociações entre os países, de modo que possam resolvam seus diversos problemas, que vão além dos limites fronteiriços – como a água, os refugiados da condição estabelecida por Israel e uma série de variáveis que têm de poder resolver. O que nos interessa é poder apoiar este processo de negociação, como já disse, com base nas resoluções que já foram adotadas pela ONU”, justificou Moreno.
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Segundo o chanceler, a decisão se ajusta à posição da ONU e tem como objetivo “dar um novo impulso ao processo de negociação entre ambas as partes [a Autoridade Nacional Palestina e Israel], com o apoio da comunidade internacional, para conquistar um acordo de paz permanente”.
Dois lados
Moreno esclareceu que a decisão foi tomada após conversas entre a chancelaria chilena e o governo com o Estado palestino e com o Estado israelense nos últimos meses.
“Averiguamos de que maneira o Chile pode contribuir para uma melhor e mais imediata solução para a criação de um Estado palestino, para que ele possa conviver em paz e segurança com o Estado de Israel”, explicou.
Divulgação/Presidência do Chile
Sebastián Piñera e Mahmoud Abbas em encontro na posse de Dilma Rousseff em Brasília
“O governo do Chile aproveita a ocasião para fazer um especial reconhecimento à comunidades judaica e palestina no país, por sua valiosa contribuição ao desenvolvimento social, cultural, político e econômico do país ao longo de muitas décadas, e pela sua plena integração à nossa sociedade. Sua convivência fraterna foi um exemplo claro de boas relações, que esperamos que sirva de inspiração para os Estados de Israel e da Palestina”, declarou.
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O ministro confirmou que presidente chileno, Sebastián Piñera, viajará nos dias 4 e 5 de março às duas nações para “ratificar seu apoio às negociações para chegar à brevidade a um possível acordo entre ambos os Estados e, desta maneira, fortaleces os laços de amizade e cooperação entre o Chile e os Estados de Israel e da Palestina”.
Expectativa
Horas antes, quando consultado, o ministro não confirmara o reconhecimento oficial. A comunidade palestina do Chile – a maior fora do Oriente Médio, com quase 500 mil pessoas –, no entanto, aguardava o anúncio com grande expectativa.
Na véspera, após uma série de reuniões com o chanceler chileno, o presidente da Federação Palestina do Chile, Mauricio Abu Ghosh, afirmou ao Opera Mundi que o reconhecimento seria ainda em janeiro. Segundo ele, a declaração deveria, necessariamente mencionar a resolução 242.
A posição do Chile se soma à onda de reconhecimentos por países da América Latina desde dezembro, como Brasil, Argentina e Bolívia.
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