O governo da China censurou trechos do discurso de posse de Barack Obama, ontem (20), em Washington. Os cortes foram feitos quando o presidente dos Estados Unidos falou em “fascismo”, “comunismo” e “dissidência”.
Durante a transmissão pela emissora Televisão Central da China (CFTV), quando o intérprete se referiu ao comunismo, sua voz sumiu. A transmissão da posse foi interrompida e o programa voltou a ser apresentado do estúdio.
Em determinado ponto do discurso, Obama afirmou que os Estados Unidos são amigos de todos que desejem “um futuro de paz e dignidade” e que o país está “pronto para liderar, uma vez mais”. Em seguida, declarou: “Lembrem-se de que as gerações passadas enfrentaram o fascismo e o comunismo não apenas com mísseis e tanques, mas com alianças firmes e convicções duradouras”.
Marina Wentzel, correspondente da BBC em Hong Kong, conta que o apresentador pareceu ter sido pego de surpresa, mas deu continuidade ao programa perguntando a um convidado sobre os desafios econômicos que Obama enfrentará.
Também houve censura na transcrição dos discursos na imprensa local, como nos portais Sina.com e Sohu.com, populares na China. Nas traduções para o chinês, somente sites de Hong Kong puderam publicar a versão integral.
Leitores chineses, entretanto, não têm acesso a sites de Hong Kong como os dos jornais Apple Daily e Mingpao, constantemente bloqueados. Alguns noticiários chineses com edição em inglês, como o China Daily, reproduziram o discurso na íntegra.
De acordo com o diário on line português Jornal Digital, a agência de notícias estatal Xinhua fez referência ao trecho transcrito acima, mas sem mencionar o termo comunismo.
Os cortes reforçam a suspeita de que a televisão chinesa transmite “ao vivo” sempre com 30 segundos de atraso, para ter tempo de interromper o sinal se o governo considerar necessário.
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