O presidente da China, Xi Jinping, afirmou ao secretário de Estado norte-americano, Antony Blinken, nesta sexta-feira (26/04), que Pequim e Washington deveriam ser “parceiros, não rivais”. A declaração foi dada em encontro particular com o chefe da diplomacia dos Estados Unidos, que está no país asiático desde a quarta-feira (24/04) na tentativa de estabelecer um diálogo bilateral entre as nações que historicamente compartilham de uma “relação conflituosa”, como se refere o jornal norte-americano The New York Times.
De acordo com a emissora estatal CCTV, Xi reconheceu que os dois países registraram “alguns progressos positivos” desde seu encontro com o presidente Joe Biden.
“Os dois países deveriam ser parceiros, não rivais. Mas ainda há uma série de questões que precisam ser resolvidas e ainda há espaço para esforços adicionais”, afirmou o líder chinês.
Além disso, Xi reforçou que Pequim espera que Washington tenha “uma visão positiva” do desenvolvimento de seu país. Para ele, as relações entre ambos podem “verdadeiramente estabilizar, melhorar e avançar” quando “esta questão fundamental for resolvida”.
Pelo lado norte-americano, Blinken relatou, durante uma coletiva de imprensa, que incluiu a guerra na Ucrânia e as relações entre Rússia e China entre as principais pautas de sua viagem. O secretário avaliou que o regime de Vladimir Putin “teria mais problemas” se Moscou não tivesse apoio chinês.
“Nas minhas reuniões aqui em Pequim levantei a questão dos componentes e bens de dupla utilização enviados da China para Moscou”, disse Blinken, cogitando impor novas sanções a Pequim se não encerrarem o suposto fornecimento de recursos aos russos, reforçando sua base industrial militar.
“Os Estados Unidos já impuseram sanções a mais de 100 entidades chinesas, como controles de exportação e assim por diante. E estamos totalmente preparados para dar passos adicionais, como deixei claro nas reuniões de hoje”, afirmou.
Já em relação às operações de Israel na Faixa de Gaza, o norte-americano enfatizou que a China tem a capacidade de “acalmar as tensões no Oriente Médio”.
Diplomacia chinesa exige a ‘não interferência dos EUA’
Antes de se reunir com Xi, o secretário de Estado norte-americano realizou um encontro de cinco horas e meia com o principal diplomada chinês, Wang Yi.
A conversa entre ambos se baseou em assuntos referentes às relações compartilhadas entre Pequim e Washington, de acordo com a CCTV.
Wang reconheceu que as relações entre China e os Estados Unidos se estabilizaram e ambos os lados estão experimentando maior diálogo, colaboração e desenvolvimentos positivos em vários campos. No entanto, ao mesmo tempo, o diplomata destacou que “fatores negativos nas relações sino-americanas continuam crescendo e se acumulando”.
“Os Estados Unidos adotaram um fluxo interminável de medidas para suprimir a economia, o comércio, a ciência e a tecnologia da China”, disse Wang, de acordo com um comunicado do Ministério das Relações Exteriores chinês, acrescentando que “isso não é concorrência justa, mas contenção, e não está removendo riscos, mas criando riscos”.
Assim como Xi declararia posteriormente, Wang também exigiu a não interferência de Washington nos assuntos internos da China e que o governo norte-americano não transgrida “linhas vermelhas” relacionadas à soberania, segurança e “interesses de desenvolvimento” do país asiático.
Para o diplomata, os direitos legítimos de desenvolvimento do país “são injustificadamente suprimidos e os interesses fundamentais da China estão constantemente enfrentando desafios” pelo Ocidente.
(*) Com Ansa, RT e Telesur