Após saudar o acordo firmado entre Irã, Brasil e Turquia na segunda-feira (17/5) e, no mesmo dia, participar da elaboração de um esboço apresentado pela secretária de Estado norte-americana, Hillary Clinton, ontem, com uma nova rodada de sanções contra nação islâmica, a China afirmou hoje (19/5) que as penalizações não “fecham as portas” para a diplomacia em torno do programa nuclear iraniano.
Li Badong, embaixador chinês na ONU (Organização das Nações Unidas), disse que seu país apoia a resolução, mas somente com a condição de que o uso da força não seja contemplado como saída para resolver o impasse, e dentro do respeito ao direito de outros países de manter relações econômicas com Teerã.
“Acreditamos que fazer circular este rascunho (da resolução) não significa que as portas para a diplomacia estão fechadas. E acreditamos que o diálogo, a diplomacia e as negociações são a melhor maneira de lidar com a questão iraniana”, afirmou Li na sede da ONU em Nova York, segundo a BBC Brasil.
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Desde dezembro de 2006 o Conselho de Segurança da ONU aplicou três rodadas de sanções contra o Irã. A nova resolução, elaborada desde abril desse ano, se baseia em sanções existentes e em novas categorias de penalizações. O documento prevê um endurecimento das restrições bancárias contra o Irã, a expansão de um embargo da venda de armas ao país e a proibição de investimentos iranianos em atividades nucleares no exterior.
Susan Rice, embaixadora dos EUA na organização, afirmou que o objetivo da nova resolução é o de aumentar “para as lideranças iranianas os custos que existem em desafiar a comunidade internacional” e “convencê-los de que é também interesse deles resolver de forma pacífica o impasse em torno do programa nuclear.”
“A resolução busca apoiar e não substituir nossos esforços para trazer o Irã para o plano da diplomacia”, disse Rice, segundo a agência estatal chinesa Xinhua. “Afirmamos ao longo deste processo que as portas para o Irã cumprir suas obrigações e criar um melhor relacionamento com outros países permanecem abertas.”
Já o embaixador russo na ONU, Vitaly Churkin, explicou que a nova série de sanções se foca “somente em questões de proliferação” de armas, e não pretende criar nenhum dano humanitário ou problemas para as atividades econômicas ou relações diplomáticas iranianas.
Votos
Os EUA precisam do apoio de nove países-membros do Conselho de Segurança – e nenhum veto – para passar a nova rodada de sanções. Fontes norte-americanas confidenciaram à Xinhua que detêm esse número, porém, seria preferível o apoio de membros como Brasil, Turquia e Líbano caso os norte-americano queiram uma resolução que reflita coesão internacional e que seja legitimada.
Nessa terça-feira, a embaixadora do Brasil na ONU, Maria Luiza Ribeiro Viotti, disse que o Brasil não participará das discussões a respeito das sanções contra o Irã, porque o acordo representa “um fato novo” na equação.
Em Brasília, o ministro brasileiro das Relações Exteriores, Celso Amorim, se queixou de que as potências nucleares no Conselho de Segurança não deram sequer “um mínimo de tempo” para examinar o entendimento anunciado com o Irã no dia anterior. “Se no dia seguinte à assinatura de um acordo sanções já são apresentadas, isso quer dizer que a espera era por protocolo”, disse Amorim. “Pedimos um mínimo de tempo para a análise.”
O Conselho de Segurança é composto por 15 membros, sendo 5 membros permanentes: os EUA, França, Reino Unido, a Rússia e China, sendo que cada um destes membros tem direito de veto. Os outros 10 membros são rotativos e têm mandatos de dois anos. Atualmente fazem parte do órgão Brasil, Turquia, Líbano, Bósnia Herzegovina, Gabão, Nigéria, Áustria, Japão, México e Uganda.
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