Após amplo debate, foram anunciados nesta sexta-feira (15/08) os nomes das primeiras 12 vítimas do conflito na Colômbia que farão parte dos Diálogos de Paz de Havana, mantidos entre o governo do presidente Juan Manuel Santos e as FARC (Forças Armadas Revolucionárias da Colômbia).
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TeleSUR
Ativistas dos direitos humanos no país comemoraram a notícia
O nome dos representantes das vítimas foi escolhido em conjunto pela ONU (Organização das Nações Unidas), pela Universidade Nacional da Colômbia e pela Conferência Episcopal Colombiana.
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Durante uma coletiva de imprensa concedida hoje, o coordenador das Nações Unidas na Colômbia, Fabrizio Hochschild, destacou a importância do fato e afirmou que não se “deve esquecer que o que a Colômbia está fazendo é realmente histórico. Pela primeira vez no contexto colombiano a reparação das vítimas é um ponto específico em um processo de paz”.
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Hochschild destacou também que o processo é único não somente na Colômbia, como no mundo. “Não há nenhum processo no mundo que tenha tido este tipo de exercício”, disse ressaltando a “sensibilidade” na condução do tema.
Escolha dos nomes
Diante da polêmica sustentada por alguns setores na sociedade colombiana, a ONU apresentou a relação com os dez critérios utilizados para a seleção das vítimas participantes. De acordo com a entidade, os nomes contemplam tanto vítimas do Estado, como das FARC e dos paramilitares, o que era uma exigência da mesa, e foram escolhidos com base na representatividade do universo de violações e levando em conta fatores regionais, de gênero e população.
Agência Efe
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A primeira comissão com 12 pessoas chegará a Havana amanhã. No total, 60 pessoas serão ouvidas pela mesa de diálogo em Cuba. Para contemplar as diversas facetas do conflito, foram realizados três fóruns regionais e um evento nacional organizados a pedido do governo e da guerrilha pela Universidade Nacional e a ONU. Entre os temas abordados nesses espaços estiveram: a necessidade de criar comissões da verdade; reparação das vítimas e garantia de não repetição.
A complexidade da discussão se deve ao fato de serem muitas as pessoas afetadas e bem diferentes os tipos de crimes cometidos pelas partes envolvidas no conflito. Mais de 6,4 milhões de pessoas foram vítimas de diferentes tipos de violações nos últimos 50 anos. Além disso, chega a 3.723 os casos de pessoas desaparecidas sobre as quais não se têm notícias no país.
Segundo dados do Centro de Memória Histórica, o conflito que dura mais de meio século já deixou 220 mil mortos, 25 mil desaparecidos e 5,7 milhões de pessoas obrigadas a deixar suas casas.