Atualizado às 15h18
O ex-deputado colombiano Odín Sánchez Montes de Oca foi libertado nesta quinta-feira (02/02) pelo ELN (Exército de Libertação Nacional), após ter sido sequestrado em abril do ano passado pelo grupo guerrilheiro. A libertação de Sánchez era um dos requisitos do governo do presidente Juan Manuel Santos para negociar um acordo de paz com o ELN.
“Bem-vindo à liberdade, Odín Sánchez! Já estamos prontos para iniciar as negociações com o ELN e trabalhar para conseguir a paz completa”, disse em sua conta oficial no Twitter o ministro do Interior da Colômbia, Juan Fernando Cristo.
¡Bienvenido Odín Sánchez a la libertad! Ya estamos listos para iniciar negociaciones con el ELN y trabajar para alcanzar La Paz completa.
— Juan Fernando Cristo (@CristoBustos) 2 de fevereiro de 2017
Após a libertação de Sánchez, os guerrilheiros Nixon Cobos e Leivis Valero foram indultados pelo governo colombiano por se encontrarem em “delicadas condições de saúde”, como havia sido pactado na reunião entre as duas delegações em Quito, em janeiro.
#UltimoMinuto Le damos la bienvenida a nuestros compañeros Nixón y Leivis que ya se encuentran en libertad. Con voluntad política avanzamos. pic.twitter.com/lCMbHEsCul
— ELN-PAZ (@ELN_Paz) 2 de fevereiro de 2017
“Damos as boas-vindas aos nossos companheieros Nixón e Leivis, que já se encontram em liberdade. Com vontade política avançamos”, escreveu o ELN no Twitter.
O comandante do ELN da Frente Che Guevara, conhecido como Uriel, afirmou nesta quarta-feira que Sánchez se encontra em boas condições de saúde, mas que foi atendido pelos médicos porque “tem problemas de úlcera”, e hipertensão, além do estresse pelas especulações envolvendo a sua libertação.
Depois dessa fase, o governo colombiano e o ELN começarão as negociações públicas no dia 7 de fevereiro, segundo informado por Santos em janeiro, que afirmou que “está sendo um processo muito difícil, mas esta segunda fase, que começa no próximo mês, é extremamente importante, porque nos permitirá alcançar a paz completa, não só com as Forças Armadas Revolucionárias da Colômbia (FARC)”.
As negociações se centrarão em cinco pontos: as vítimas, a corrupção, a participação cidadã, a pobreza, a exclusão social e as garantias para o fim do conflito.
Reprodução/Twitter
Ex-congressista Odín Sánchez foi libertado nesta quinta-feira (02/02) pelo ELN
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Sánchez expressa preocupação com negociações de paz
“Não tenho nenhuma queixa”, afirmou Sánchez pouco antes de ser libertado, em entrevista ao portal Análisis Urbano. O ex-deputado disse que dormia bem e comia bem, mas ressaltou o cansaço pelas longas caminhadas para mudar de lugar cada vez que notavam a presença de aviões e helicópteros na zona em que estava sendo mantido.
Sánchez afirmou que não guarda nenhum rancor contra o ELN, mas disse que os danos da situação “não serão reparados de um dia para o outro”. O guerrilheiro Gerson, que o acompanhou durante a entrevista, também lembrou que “o país continua estando em guerra”.
Tanto Gerson quando Sánchez expressaram dúvidas em relação à negociação de paz em Quito. “Eu acho que não vão cumprir. Nós tiramos conclusões e não esquecemos a história”, afirmou o membro do ELN.
Sánchez, por sua vez, disse que está preocupado com a “insegurança jurídica do Estado porque aqui mudam a Constituição, mudam as regras do jogo sempre que querem, não é um país sério”. No entanto, o ex-deputado afirmou que “acredita na paz e nos diálogos”. “É o que temos, mas estou profundamente preocupado pela responsabilidade da violação ao contrato social”, declarou.
Sánchez foi entregue às 10h da manhã (horário local, 13h em Brasília) ao Comitê Internacional da Cruz Vermelha. Após uma revisão médica, o ex-congressista foi liberado depois de estar quase 10 meses sequestrado, após ter se oferecido para ocupar o lugar do seu irmão, Patrocinio Sánchez, ex-governador de Chocó que havia sido capturado pelo ELN.