O governo da Colômbia entregou uma carta ao secretário-geral da OEA (Organização dos Estados Americanos), José Miguel Insulza, neste sábado (31/7), para formalizar o pedido de criação de uma comissão internacional para investigar se há guerrilheiros colombianos abrigados na Venezuela.
“Eu recebi uma nota do governo da Colômbia formalizando os pedidos feitos” no dia 22 de julho, disse Insulza à agência de notícias espanhola Efe.
No último dia 22, o embaixador colombiano na OEA, Luis Alfonso Hoyos, denunciou em sessão extraordinária do Conselho Permanente a presença de 1.500 guerrilheiros das Farc (Forças Armadas Revolucionárias da Colômbia) e do ELN (Exército de Libertação Nacional) em território venezuelano.
Além de pedir à OEA a criação de uma comissão internacional que verifique as denúncias colombianas em até 30 dias, Hoyos pediu a Caracas para que coopere na luta contra o terrorismo, cumprindo suas obrigações internacionais.
Já na sexta-feira, Insulza deixara escrita uma carta que enviará ao governo da Venezuela. Nela, diz que Bogotá entregou a ele um pedido formal e pede que Caracas se pronuncie a respeito.
“Eu espero que isso ocorra e depois se decidirá o que fazer”, disse o secretário-geral da OEA ao destacar que, conforme as normas da organização, em assuntos bilaterais, é necessário consultar as duas partes e agora corresponde a Caracas responder à solicitação formal entregue por Bogotá.
Tema delicado
O secretário-geral disse no próprio dia 22 que só pode agir nesta nova crise entre Venezuela e Colômbia se os países quiserem. Mas a Venezuela, por meio seu embaixador na OEA, Roy Chaderton, rejeitou imediatamente a possibilidade de permitir uma visita de uma comissão verificadora.
As denúncias da Colômbia foram o estopim para o rompimento das relações entre o país e a Venezuela, anunciado no mesmo dia 22 pelo presidente venezuelano, Hugo Chávez.
“É um tema delicado, de interesse regional, mas da forma que foi colocado continua sendo um assunto bilateral entre Venezuela e Colômbia e são esses dois países que têm que decidir se tratam do tema em um organismo multilateral e em que órgão. Caso contrário, não há muito que nós possamos fazer, salvo pedir o diálogo e o entendimento, como fizemos várias vezes nos últimos meses “, argumentou Insulza.
O secretário-geral da OEA lamentou que os chanceleres não tenham conseguido alcançar um acordo na cúpula da Unasul (União de Nações Sul-Americanas), mas ressaltou que o importante era o encontro entre o ministro venezuelano das Relações Exteriores, Nicolás Maduro, e seu colega colombiano, Jaime Bermúdez.
Disposição
Para Insulza, “os esboços que existiram na Unasul sobre o que poderia ter sido um acordo são importantes porque destacam o diálogo e a cooperação entre os dois países”.
“Infelizmente não foi possível alcançar um acordo, mas eu tenho a impressão de que isso não está tão longe”, considerou o secretário-geral da OEA, que se mostrou esperançoso com o início do governo do presidente eleito da Colômbia, Juan Manuel Santos, no próximo dia 7.
“Certamente haverá outros diálogos em torno da posse do presidente Santos”, afirmou.
Insulza disse que a OEA está “à disposição” da Colômbia e da Venezuela caso necessitem de sua mediação e ajuda para superar suas diferenças.
“Provavelmente em um clima novo e passado o período de transição na Colômbia, as coisas vão melhorar”, declarou Insulza, para quem as eleições legislativas de setembro na Venezuela também podem contribuir para diminuir as tensões.
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