A Turquia invadiu a Síria na madrugada desta quarta-feira (24/08) em uma operação militar contra o Estado Islâmico e o avanço de militantes curdos sírios. A operação, que também contou com tanques e aeronaves, teve o apoio da coalizão liderada pelos Estados Unidos em atuação na região, da Alemanha e das forças de oposição ao presidente sírio, Bashar al-Assad.
As forças turcas atacaram e tomaram controle da cidade síria de Jarabulus, último grande reduto do grupo extremista na fronteira com a Turquia.
A intenção do ataque, além de “limpar a fronteira” do controle dos jihadistas — promessa feita após um ataque a um casamento na cidade turca de Gaziantep no fim de semana ter matado mais de 50 pessoas e cuja autoria foi atribuída ao EI pelo governo — é deter o avanço de militantes curdos do YPG (Unidades de Proteção Popular), que também lutam contra o EI na região.
Agência Efe
Tanques, aviões e soldados turcos invadiram Síria nesta quarta
“Nós estamos determinados em proteger a integridade territorial da Síria e providenciar que este país seja governado sob a vontade de seu próprio povo, aproveitando nossas oportunidades, inclusive lidando diretamente com o assunto”, disse durante pronunciamento o presidente da Turquia, Recep Tayyip Erdogan.
“Daesh [sigla em árabe para o Estado Islâmico] deveria ser completamente limpado de nossas fronteiras, e nós estamos preparados para fazer o que for preciso para isso”, afirmou o ministro das Relações Exteriores do país, Mesut Cavusoglu, à imprensa.
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Sobre a situação dos militantes curdos sírios, o chanceler turco disse que a operação pretende evitar que eles avancem para a margem oeste do rio Eufrates, que passa pelos dois países. “Se eles falharem em fazer isso, faremos o que for necessário”, declarou.
Ancara considera os militantes curdos sírios uma extensão do partido curdo na Turquia PKK (Partido dos Trabalhadores do Curdistão), tido como terrorista pelo governo de Erdogan.
Joe Biden visita Ancara
O vice-presidente dos EUA, Joe Biden, chegou a Ancara nesta quarta-feira para se encontrar com Erdogan a fim de demonstrar apoio à operação realizada na Síria.
Agência Efe
Vice-presidente dos EUA, Joe Biden, foi a Ancara nesta quarta e se encontrou com mandatário turco, Erdogan
A ação também visa aliviar as tensões entre os dois países, provocadas pela recusa do governo norte-americano em extraditar Fethullah Gülen, líder do movimento social religioso Hizmet, autoexilado nos EUA e a quem Erdogan atribuiu responsabilidade pela tentativa fracassada de golpe de Estado na Turquia em julho.
As relações entre ambas as nações também se deterioraram devido ao apoio militar dado pelo EUA aos curdos na Síria, que também combatem o Estado Islâmico.
No encontro desta quarta, Biden reforçou a posição da Turquia pedindo que os curdos sírios se mantenham a leste do rio Eufrates.
“Nós deixamos claro para as forças curdas de que eles devem voltar para o outro lado do rio [margem leste]. Eles não receberão apoio norte-americano se não mantiverem esse compromisso. Ponto”, afirmou Biden a jornalistas.
A Alemanha, que não faz parte da coalizão liderada pelos EUA, também apoiou a operação turca. Segundo o porta-voz do Ministério das Relações Exteriores alemão, Martin Schaefer, a ofensiva estaria “de acordo com os objetivos da coalizão anti-Estado Islâmico”.
“A Turquia, acertada ou equivocadamente, acredita que existem relações entre o PKK, que nós vemos como uma organização terrorista, do lado turco, e elementos dos curdos do lado sírio. Nós respeitamos isso e achamos que a Turquia tem o direito legítimo de agir contra essas atividades terroristas. Assim, apoiamos a Turquia”, disse Schaefer.
Damasco classifica operação síria como “violação de soberania”
O Ministério das Relações Exteriores da Síria condenou a operação conduzida pela Turquia, afirmando ter sido “uma violação flagrante da soberania” do país.
“A Síria exige o fim dessa agressão. Qualquer agente conduzindo uma batalha contra o terrorismo em solo sírio deve fazê-lo em coordenação com o governo e o Exército sírios, que vêm lutando esta guerra há cinco anos”, disse o Ministério por meio de comunicado.