Segundo os dados de uma pesquisa realizada pela American Chamber Mexico no início de 2011, o investimento de empresas mexicanas em segurança privada aumentou consideravalmente no último ano, em reação ao aumento da violência que afeta o país. O setor privado mexicano gasta entre cinco bilhões e seis bilhões de dólares por ano em segurança intramuros ou privada, segurança via satélite ou de rastreamento. Assim, a segurança privada se transformou em um grande negócio.
O estudo, que usou uma amostra de mais de 500 companhias, afirma que “muitas empresas se consideram menos seguras do que em 2010, apontando, entre outras dificuldades, um aumento das agressões e ameaças contra os empregados. O consenso é que a situação da segurança não vai melhorar no curto prazo”.
Efe
Ronda nas ruas da cidade de Praxedis Guerrero
A cidade de Monterrey é um exemplo significativo dessa tendência. Motor econômico do país, erguida no meio do deserto de Nuevo León, a cidade abriga a maioria das empresas mais importantes do México. Monterrery está em estado de sítio há pelo menos três anos, ocupada pelo exército em uma luta contra as organizações criminosas que não apresenta os resultados esperados.
“Há três anos, meus fregueses ficavam no bar até as quatro da manhã, sem perigo e sem riscos. Agora, às dez da noite já não se vê ninguém na rua”, diz Moani, um pequeno empresário de Monterrey, proprietário do histórico Café Nuevo Brasil, no centro da capital regiomontana, onde desde 1959 se reúnem artistas, escritores e intelectuais. “Tive de abrir mão de quatro funcionários porque não podia arcar com os gastos. E, se continuar assim, logo terei de encerrar minha atividade.”
“A violência dos últimos anos afetou todas as atividades produtivas de Monterrey”, conta Moani. “E quem pode, gasta grandes quantias em segurança privadas, armas, câmeras de vídeo, mas só as grandes empresas podem se permitir certos gastos. As outras, se podem, mudam-se para o outro lado da fronteira. Quem não pode, como eu, aguenta por aqui. E esperamos que alguém nos tire dessa situação totalmente indefesa”.
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Moani é apenas um dos milhares de pequenos e médios empresários que não podem enfrentar as consequências do aumento da violência. “Não é questão de não querer investir em segurança. O que ocorre é que, chegando a esse ponto, ou pago a segurança privada, ou decido manter algum lucro”, afirma Diego Arreola, empresário de cimento da região de Monterrey. “Simplesmente os gastos com segurança são tão altos que eliminariam todos os meus ganhos. Por isso, prefiro me arriscar”.
Melhora
No entanto, há um número significativo de empresas que, na pesquisa da American Chamber Mexico, declaram que sua situação de segurança melhorou no último ano, graças aos investimentos em medidas de prevenção e segurança privada. Os números são impressionantes: 58% dos entrevistados consideram que os gastos com segurança privada são necessários para sua empresa e chega-se a investir até 20% das receitas em segurança.
As principais causas da insegurança continuam sendo as extorsões praticadas pelo crime organizado e a impunidade judicial, mas também a corrupção de funcionários públicos. “Os grandes empresários andam de helicóptero, têm pequenos exércitos privados e vivem trancados em seus castelos”, afirma Moani. “Eles tiram do país grande parte de seu dinheiro para investir no exterior, enquanto a maior parte da economia, formada por pequenas e médias empresas, agoniza nas mãos dos criminosos, sem defesa por parte do Estado mexicano”.
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Como afirmou em 9 de maio Gerardo Gutiérrez Candiani, presidente da Confederação Patronal da República Mexicana (Coparmex), “a insegurança no país é o maior problema do setor privado. Por causa disso, muitas empresas estão migrando para o exterior ou para o centro do país, onde se percebe que os níveis de delinquência são menores. Essa luta tem de ser travada, os três níveis de governo têm de cumprir sua obrigação e não podem passar a responsabilidade uns para os outros. Os cidadãos, por sua vez, têm de se expressar e exigir que os governantes cumpram suas promessas”.
Efe (30/06)
Chacinas em Ciudad Juárez tornaram-se ocorrências comuns
No dia 1º de fevereiro, em um enfático comunicado à imprensa, a Coparmex afirmou: A falta de coordenação entre autoridades dos âmbitos federal e local propicia um clima de incerteza e, além disso, aumenta a insegurança. É cada vez mais comum vermos conflitos entre polícias federais e estaduais, enquanto os criminosos continuam agindo contra os cidadãos: extorquindo, sequestrando e assassinando.
Por enquanto, o Café Nuevo Brasil continua aberto e se consolida como um símbolo de resistência frente às ameaças e à violência. “Veremos o quanto conseguiremos aguentar antes de nos esmagarem totalmente”, lamenta Moani.
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