Dezenas de caminhões do comboio humanitário russo cruzaram a fronteira e entraram em território ucraniano em direção à região separatista de Lugansk nesta sexta-feira (22/08), após Moscou ter autorizado o prosseguimento da operação, mesmo sem o aval de Kiev.
Autoridades do governo da Ucrânia, em contrapartida, já reagiram classificando a entrada dos veículos russos como “invasão direta”. Um terço dos cerca de 90 caminhões russos, todos pintados de branco, já cruzou a fronteira ucraniana.
Agência Efe
Caminhões russos aguardam autorização para entrar em território ucraniano; hoje, Moscou decidiu agir mesmo sem o aval de Kiev
“Chamamos isto de invasão direta. Sob a cínica cobertura da Cruz Vermelha, [o comboio] são veículos militares com documentos de fachada”, disse hoje o chefe do Serviço de Segurança da Ucrânia, Valentin Nalivaychenko. Para ele, alguns caminhões estão sendo conduzidos por militares russos que têm como objetivo sequestrar cidadãos ucranianos, ocultar os crimes dos separatistas pró-Rússia e dirigir blindados.
“Na realidade, ao volante está um grupo de pessoas que conduzirá veículos blindados que todos os dias entram de forma ilegal em território de nosso Estado”, denunciou Nalivaychenko
Em reposta às queixas, a Rússia acusa Kiev de de deliberadamente atrasar a entrega do comboio humanitário, destinados às regiões separatistas de Lugansk e Donetsk.
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Kiev também acusa instituições de ajuda humanitária, como a Cruz Vermelha, de participar do combio. O Comitê Internacional da Cruz Vermelha, entretanto, veio a público hoje para desmentir informações de que estivesse escoltando o transporte.
“Isso é por conta de problemas de segurança”, disse Galina Balzamova, funcionária da entidade, ao veículo RT. “Lugansk foi bombardeada durante toda a noite. Acreditamos que não há garantias suficientes de segurança de todas as partes do conflito para começar a escoltar o comboio”, completou.
A chefe da sede russa da Cruz Vermelha, Raisa Lukutsova, também afirmou que a organização apoia a decisão russa de colocar o comboio em movimento.
Sem aval de Kiev
“A parte russa decidiu atuar. Nossa unidade com carga humanitária começa a se dirigir para Lugansk”, advertiu o ministério das Relações Exteriores russo, acusando os vizinhos ucranianos de atrasar propositalmente os procedimentos alfandegários. O governo russo ainda lembrou que a coluna formada por mais de 260 caminhões permanece na fronteira russo-ucraniana há mais de uma semana apesar dos esforços “sem precedentes” para cumprir todas as formalidades necessárias.
Segundo uma declaração publicada na página oficial do Ministério das Relações Exteriores da Rússia, “os intermináveis atrasos artificiais para começar a entrega da ajuda humanitária russa às regiões do sudeste da Ucrânia são intoleráveis”.
Moscou advertiu contra qualquer tentativa de impedir essa missão humanitária e alertou que a responsabilidade por possíveis provocações recairá “sobre aqueles que estão dispostos a continuar sacrificando destinos humanos em prol de suas ambições e planos geopolíticos”.