A Dinamarca deu início hoje (7) à 15ª edição da Conferência das Partes (CoP-15), encontro que busca estabelecer novas metas para frear o aquecimento global. Mais de 100 chefes de Estado devem passar por Copenhague até o dia 18 de dezembro com um objetivo comum: reduzir as emissões de carbono, a fim de evitar que a temperatura do planeta aumente mais que dois graus nos próximos 50 anos.
Fotos: AFP
Ciclista passa em Copenhague por réplica do planeta Terra
Além de renovar o compromisso com a UNFCCC (Convenção-Quadro das Nações Unidas sobre Mudança do Clima), os países também buscarão entendimento para a elaboração de um acordo que substituirá o Protocolo de Quioto. Firmado em 1997, no Japão, o tratado expira em 2012.
As reuniões sobre o Protocolo acontecem paralelamente ao encontro da ONU. Alguns debates atendem às duas frentes, mas no geral, são duas convenções distintas acontecendo no mesmo período, com políticos, ambientalistas, economistas e outros especialistas de diversas áreas tentando conciliar as necessidades ambientais aos interesses políticos e econômicos.
Mapa do caminho e jogo de interesses
Para que a Conferência do Clima seja considerada produtiva, os países desenvolvidos (do Anexo I) como os Estados Unidos, as 27 nações do bloco europeu, Japão, Austrália, Canadá e Rússia devem se comprometer a reduzir suas emissões de CO2 em 80% até 2050, segundo a proposta da ONU. Para 2020, a meta de corte é de 25 a 40%, com base nos níveis de 1990.
Delegados acompanham o discurso do primeiro-ministro dinamarquês, Lokke Rasmussen
Entre os países em desenvolvimento, é esperado que os governos locais criem leis que obriguem a redução de poluentes entre 15% e 30%. Essas nações, classificadas como Anexo II – grupo que inclui o Brasil – não são obrigadas a cumprir as metas do Protocolo de quioto. A contribuição é voluntária.
Diante desse cenário, cria-se um racha. Os países industrializados argumentam que não podem assumir sozinhos a responsabilidade de salvar o planeta. As nações em desenvolvimento, por outro lado, afirmam que não é justo pagar pelo preço da destruição encabeçada pelos países ricos durante o período da Revolução Industrial.
“Cada lado tem a sua razão. De uma forma ou de outra, os dois blocos terão de ceder. Quem poluiu mais deve pagar mais, mas é importante destacar que as nações emergentes aumentam cada vez mais suas emissões e não podem se isentar da obrigação. No lugar de disputas, é preciso ampliar as parcerias”, declarou Ute Kris, representante do instituto de pesquisas climáticas da Universidade de Hamburgo.
O Brasil tem se destacado internacionalmente com propostas ambiciosas de redução de CO2. A intenção é cortar os poluentes entre 36,1% e 38,9% até 2020. Os EUA vão apresentar uma proposta para reduzir 17% das emissões; China, entre 40% e 45% e a Índia, após intenso debate, se comprometeu com 20% e 25%.
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Quioto
O Protocolo de Quioto, em vigor desde 2005, ainda não provocou impactos concretos no que diz respeito ao aumento da temperatura da Terra. Os críticos se esforçam para tentar dizimar o tratado. No entanto, embora leve anos para que os resultados sejam sentidos, vários países lograram avanços na redução de gases causadores do efeito estufa.
De acordo com dados do Comissariado de Meio Ambiente da União Europeia, o bloco se comprometeu a reduzir 8% das emissões até 2012. Novos dados apontam que essa estimativa pode ser ultrapassada e o nível de redução tem potencial para alcançar 13%.
“Ainda não houve tempo para que o Protocolo de Quioto contivesse o aquecimento global. Mas se o tratado deixar de existir, o mundo assinará um atestado de assassinato das gerações futuras”, afirmou Stefan Schaltegger, diretor do centro de pesquisas para o meio ambiente da Universidade de Leuphana, na Alemanha.
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