O ator e diretor Clint Eastwood entrou na campanha presidencial norte-americana. Um anúncio comercial da montadora Chrysler, veiculado na TV no último domingo (05/02) durante o intervalo da final do Super Bowl, gerou uma série de polêmicas e críticas, especialmente pelo eleitorado republicano e conservador do país. A peça publicitária, protagonizada por Eastwood, ligado ao Partido Republicano, foi acusada de supostamente favorecer o presidente Barack Obama, que tentará a reeleição em novembro pelo arquirival Partido Democrata.
O ator, no entanto, negou qualquer intenção política do anúncio. “Não estou afiliado politicamente a Barack Obama; supõe-se que o anúncio deva ser uma mensagem sobre o crescimento do emprego e o espírito da América”, disse o veterano ator em um comunicado enviado ao canal ultraconservador Fox News, pertencente ao grupo Fox Entertainment, principal grupo de mídia de oposição ao atual presidente. Segundo o ator, todos os políticos deveriam estar de acordo com a mensagem do anúncio.
Veja o comercial abaixo:
O anúncio, afirma que a economia dos Estados Unidos vai se recuperar porque “os americanos são um povo resiliente e orgulhoso”. E termina com uma nota otimista: “Este país não pode ser derrubado com um soco. Nós voltaremos a nos levantar e, quando o fizermos, o mundo vai ouvir o ronco dos nossos motores. Sim, a América está no intervalo. E nosso segundo tempo está prestes a começar”, disse Eastwood.
O segundo tempo, seria, segundo os críticos, uma menção a um eventual segundo mandato para Obama.
Agradecimento
As críticas não recaem somente a Clint. Na Fox News, Karl Rove, um dos principais estrategistas políticos de George W. Bush, antecessor de Obama, lembrou que a Chrysler foi salva da falência graças a um bailout (resgate financeiro) autorizado pelo governo em 2009.
Para Rove, que disse ter se sentido ofendido pelo anúncio, trata-se de uma “retribuição de favores políticos”. “Isso é o que acontece quando o governo vai para a cama com o mundo dos negócios, como foi o caso do resgate das companhias de automóveis. Isto é um sinal do que acontece quando o Presidente dos EUA e os seus vassalos políticos usam o dinheiro dos contribuintes para comprarem publicidade empresarial, dinheiro que nunca será devolvido”.
Já o diretor-executivo da Chrysler, Sergio Marchionne, disse a uma rádio de Detroit que ninguém no interior da sua empresa “tentou influenciar em decisões”. “A mensagem é suficientemente universal e neutra para poder apelar a todos neste país”, afirmou.
Segundo o Departamento do Tesouro, a Chrysler já devolveu 11,2 bilhões de dólares do total de 12,5 bi que recebeu.
A polêmica provocou também uma reação da Casa Branca. O porta-voz de Obama Jay Carney garantiu que o governo nada teve nada a ver com o anúncio.
Laços antigos
Eastwood, filiado ao partido Republicano desde 1951, chegou a ser prefeito da cidade de Carmel by the Sea, na Califórnia, entre 1986 e 1988 – eleito pelo Partido Republicano. Ele se encontrava no auge da série cinematográfica Dirty Harry, onde interpretava um policial carismático que, no entanto, se utilizava de métodos violentos.
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Depois dos Muppets, foi a vez de Clint Eastwood (ao centro) serem criticados pela Fox News. Como reagiria Ronald Reagan (direita)?
O astro, de 82 anos, chegou a contribuir para a campanha do republicano John McCain contra Obama na última eleição presidencial. E, em 1988, o então candidato George H. Bush, pai do artífice da guerra do Afeganistão e do Iraque, chegou a cogitar o astro como vice.
Campeão de audiência
O Super Bowl é a final do futebol americano, evento que praticamente paralisa os Estados Unidos. Um anúncio no intervalo do jogo é o mais caro da televisão norte-americana. Em 2012, a final em que o New England Patriots foi derrotado pelo New York Giants bateu o recorde da média de audiência, com 111,3 milhões de espectadores, segundo o Instituto Nielsen.
E o intervalo, que conta com shows expressivos (como o de Madonna neste ano) teve audiência média superior ao do próprio jogo: 114 milhões.
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