O comissário para os direitos humanos do COE (Conselho da Europa) afirmou nesta quarta-feira (08/06) que os países da União Europeia são responsáveis pelas mortes de imigrantes africanos que morreram afogados na semana passada ao tentarem atravessar o Mediterrâneo em direção ao continente.
Thomas Hammarberg, comissário para os direitos humanos da COE, organização de defesa dos direitos humanos e políticos da Europa e desvinculada da UE, opinou hoje que “os governos e as instituições europeias têm uma responsabilidade muito maior do que a que demonstraram ao assumir esta crise”.
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Em nota oficial, Hammarberg recordou que muitos dos imigrantes africanos que atualmente tentam sair do continente para chegar às nações europeias pelo mar Mediterrâneo “são provenientes da Eritreia, Somália, Sudão e outros países subsaarianos”.
Segundo o comissário, essas pessoas não apenas “em muitos casos têm o direito à proteção internacional, mas são encontrados presos na Líbia por causa de acordos que alguns governos fizeram com [Muamar] Kadafi”, referindo-se à Itália, que até o início deste ano possuía um acordo com as autoridades líbias para impedir a travessia de imigrantes pelo Mediterrâneo.
O acordo bilateral, assinado entre o premier italiano, Silvio Berlusconi, e o ditador líbio em 2008, previa que os imigrantes que fossem interceptados pela guarda costeira pudessem ser enviados às autoridades de Trípoli, que fazia uma triagem das pessoas e as enviava de volta aos seus países de origem.
“Os governos europeus têm tentado desestimular as chegadas por meio de operações de rejeição e de fortes medidas de dissuasão”, continuou Hammarberg. Isso, ponderou, “não parou de imigrantes que tentam chegar à Europa, mas fez com que esta viagem se tornasse mais perigosa”, alertou.
“O conflito armado contribuiu a piorar a situação destas pessoas”, acrescentou o comissário.
Ele observou ainda que existe “uma necessidade de aumentar de maneira exponencial” da vigilância ao longo da costa da Líbia e ao longo do mar entre o norte da África e a costa sul da Europa, “de modo a se poder identificar as embarcações e poder agir na proximidade de uma embarcação em dificuldade”.
Em sua opinião, seria “difícil defender, visto as operações militares na Líbia, que não são necessários recursos para conduzir a atividade de vigilância”.
Entidades internacionais resgataram na última sexta-feira, 3 de junho, 150 corpos de imigrantes que morreram afogados com uma embarcação que saiu da Líbia e naufragou próximo às ilhas Kerkennah, na costa da Tunísia. As equipes de resgate conseguiram socorrer 500 pessoas das 700 que estavam no barco.
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