O presidente Luiz Inácio Lula da Silva chega a Havana nesta terça-feira acompanhado por uma comitiva ministerial e empresarial. Além de se encontrar com o presidente Raúl Castro e o antecessor Fidel, o objetivo é ampliar a parceria comercial entre Brasil e Cuba e consolidar um novo foco nesta relação.
Nos últimos anos, o Brasil tem se consolidado como um dos principais parceiros comerciais de Cuba, atrás apenas de Venezuela, Rússia e China. Em 2009, o volume de negócios chegou a 330 milhões de dólares, sendo 277 milhões em exportações brasileiras (sobretudo derivados de soja, frango, móveis e calçados) e 53 milhões em exportações cubanas (rum, charutos e materiais médicos).
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Uma das preocupações do governo brasileiro é diminuir a assimetria na balança comercial. “O presidente Lula disse que era importante que nós fizéssemos não só a promoção da exportação, mas da importação”, diz Hipólito Rocha, diretor da Apex (Agência Brasileira de Promoção de Exportações e Investimentos) em Havana. “A ideia é ter atividades produtivas aqui, ações de empresários brasileiros impulsionando a indústria cubana”.
Segundo ele, por causa disso são importantes as áreas de biotecnologia e um acordo tecnológico que será assinado o laboratório farmacêutico EMS, o maior do país, e a estatal cubana Quimefa.
Também estão na agenda anúncios como a liberação de verbas do BNDES (Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social) para compra de alimentos e obras de infraestrutura. A comitiva inclui representantes da Fanavid (Fábrica Nacional de Vidros de Segurança) – pertencente à família Mansur –, da rede World Trade Center São Paulo, da Petrobras e do laboratório EMS.
Grandes obras
O BNDES tem se empenhado em financiar projetos de grandes empresas brasileiras. Um deles marca a entrada da Odebrecht em Cuba e será selado com uma visita ao porto de Mariel, onde Lula fará o início simbólico das obras de reconstrução e ampliação. A maior parte do financiamento de cerca de 800 milhões de dólares será do BNDES, através de um contrato de colaboração firmado ente os dois governos em 2009.
Outros investimentos estão em estudo. A Fanavit, por exemplo, estuda implantar uma fábrica de vidros na ilha, aproveitando-se da areia de alta qualidade, para ser o centro de produção e distribuição para países no Caribe. “Esse projeto já está aprovado, com memorandos prontos, e deve ser assinado agora na visita de Lula”, explica Rocha. Segundo ele, a empresa busca também um financiamento do BNDES para a fábrica, que deve custar cerca de 165 milhões de dólares.
Nos dois mandatos do presidente Lula, o Brasil repassou cerca de 1 bilhão de dólares a Cuba para projetos de infraestrutura, compra de alimentos, construção de rodovias e produção agrícola. A previsão é que mais 300 milhões sejam liberados até 2012.
“A ideia do governo é abastacer todos os países emergentes com produtos do Brasil”, diz Hipólito Rocha. “O Brasil é a capital da América Latina, então é preciso abastecer todos esses países de produtos de alta prioridade brasileiros”.
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