Pelo menos 130 pessoas ficaram feridas, nesta sexta-feira (07/02), durante confrontos entre policiais – que fizeram uso de balas de borracha e bombas de efeito moral – e manifestantes, que jogaram pedras, ovos e depredaram edifícios na cidade de Tuzla, distrito industrial ao norte da capital, Sarajevo, na Bósnia-Herzegóvina. Os oficiais tentavam dispersar a onda de protestos contra o desemprego que há três dias toma o país.
Reprodução/ TV Slon Extra
As manifestações começaram na terça (04/02). Hoje, pelo menos 6000 pessoas foram para as ruas da cidade, cerca de 100 homens encapuzados incendiaram um prédio do governo e autoridades locais cancelaram as aulas.
[Manifestantes colocam fogo em prédio do governo]
Com o passar dos dias, os protestos de Tuzla chegaram a Sarajevo e se espalharam para outras partes da Bósnia, incluindo as cidades de Mostar e Zenica. As manifestações retratam o descontentamento sobre o desemprego e a corrupção desenfreada em pleno ano eleitoral. No país, cerca de 27,5% da população está sem trabalho e é a taxa mais elevada da região dos Bálcãs.
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Entenda o caso
Inicialmente, os protestos foram formados por trabalhadores demitidos de empresas estatais que foram privatizadas para investidores estrangeiros e que depois faliram. No entanto, outros desempregados e jovens se solidarizaram pelo movimento e aderiram à causa.
Patrícia Dichtchekenian/ Opera Mundi
Prédios abandonados e reclamações de desemprego são frequentes entre os cidadãos de Sarajevo
Para o primeiro ministro Nermin Niksic, “é preciso colocar de um lado os trabalhadores que foram demitidos sem os benefícios dos direitos básicos; e de outro, todos os ‘hoolingans’ que usaram a situação para criar o caos”, segundo a Al Jazeera. “Nós não vamos chegar a uma solução destruindo propriedades e lutando com a polícia”, acrescentou.
Os protestos revelam em grande parte o ressentimento da população a respeito das decisões políticas e do desenvolvimento econômico que as autoridades bósnias conduziram desde a guerra de 1992-1995, que matou mais de 200.000 pessoas e levou Sarajevo a estado de exceção.
Patrícia Dichtchekenian/ Opera Mundi
Fachada de túnel criado em 1993 durante estado de sítio em Sarajevo: maioria dos prédios do país ainda tem marcas de balas da guerra