Representantes de mais de 40 países são esperados nesta quarta-feira (13/11) para a abertura do seminário “Tendências da Situação Internacional”, no auditório 9 do Palácio do Anhembi, na zona norte de São Paulo. O encontro tratará da atual crise pela qual passa o capitalismo e as alternativas através do socialismo.
Leia mais:
China anuncia mudanças na economia com papel “decisivo” do mercado
O seminário, organizado pelo PCdoB (Partido Comunista do Brasil), é a primeira atividade do 13º Congresso do partido. O evento terá tradução simultânea para três línguas (português, espanhol e inglês) e será realizado das 9h às 20h. O encerramento ocorrerá na quinta-feira (14), das 9h às 14h.
Divulgação
O secretário de Relações Internacionais do PC do B, Ricardo Alemão
Os debates serão centrados nos seguintes temas: a crise do capitalismo; o mundo em transição; a ofensiva imperialista e a resistência dos povos e nações; a integração da América Latina e Caribe; o internacionalismo e a luta pelo socialismo na atualidade.
Leia mais:
Venezuela anuncia medidas econômicas de “transição ao socialismo”
Para o secretário de Relações Internacionais do PC do B, Ricardo Alemão, que deverá participar da abertura do Congresso, o cenário geopolítico se encontra em transição desde a crise de 2008. “Não há fim previsível. Observamos uma transição, uma maior tendência à multipolaridade, com declínio lento dos Estados Unidos, em contraste com o crescimento econômico e político de outros polos, como a China. Mas esse cenário não tende a levar à paz, pelo contrário, pode gerar mais conflitos. A Síria é um caso evidente”. Segundo o dirigente, é necessário fazer um balanço com as experiências socialistas ocorridas no século XX e comparar com a realidade no contexto atual. “A transição [ao socialismo] deverá se dar de maneira mais lenta e profunda, com características muito mais nacionais”, diz Alemão a Opera Mundi.
NULL
NULL
No encontro estarão presentes todos os PCs no poder hoje no mundo (China, Cuba, Vietnã, Laos e Coreia do Norte). Entre os países que terão representantes estão Rússia, França, Portugal e África do Sul. O evento contará também com representantes de partidos socialistas, como o PSUV (Partido Socialista Unido da Venezuela) e o MAS (Movimento ao Socialismo, da Bolívia). Também confirmaram presença representantes do Baath, da Síria, e de grupos políticos palestinos, entre eles o Fatah. E não só partidos foram convidados: são esperados também representantes do jornal russo Pravda e do La Cámpora, juventude peronista que apoia a corrente progressista de Cristina Kirchner.
Venezuela
As recentes medidas econômicas anunciadas pelo presidente venezuelano, Nicolás Maduro, na sexta-feira (08/11), também deverão ser abordadas no encontro. Para Alemão, é necessário apoiar o governo em razão das fortes pressões a que ele é submetido. “O principal agora não é entrar no mérito das medidas. Temos de dar todo o apoio a Maduro e à Venezuela bolivariana, pois não é nada fácil a crise que enfrentam. O golpe político-militar-midiático que o país enfrentou em 2002 reaparece na forma econômica, através de sabotagens com o objetivo de deslegitimar o governo”.
As perspectivas dos integrantes em torno da Venezuela e de outros países sul-americanos, como Bolívia e Equador, é oposta à situação da Europa, afundada em dívidas e desemprego, escolhendo como única alternativa políticas de austeridade fiscal. “A UE parece a América Latina há 20 anos. Os governos, seja qual partido estiver no poder, se comprometem totalmente com as políticas neoliberais. A resistência cresce, mas ainda é minoria por lá. Mesmo a social-democracia, representada pelos 'partidos socialistas', que antes tinham mais resistência, hoje aderiram completamente a esse neoliberalismo”, disse Alemão, lembrando que o continente passa por perda de conquistas sociais históricas.
No campo geopolítico, ele critica o fato de a OTAN estar subserviente demais aos Estados Unidos, adotando posturas imperiais – em especial a França em episódios como a crise Síria e nas negociações com o Irã.