A Coreia do Norte impediu na manhã desta quarta-feira (03/04) que trabalhadores sul-coreanos entrassem no complexo industrial de Kaesong, cidade que fica na fronteira entre os dois países, aumentando a tensão entre os governos de Seul e Pyongyang. O governo do Sul ameaçou os vizinhos com a possibilidade de um ataque militar, caso a segurança dos funcionários localizados no país comunista esteja em risco.
“A Coreia do Norte não deu sua permissão, como faz diariamente, para que 484 trabalhadores sul-coreanos entrassem em Kaesong hoje”, disse à Agência France Presse o porta-voz do ministério sul-coreano da Unificação, Kim Hyung-suk.
“O Norte nos informou nesta manhã que estão autorizadas apenas as viagens de regresso de Kaesong e que o ingresso no complexo foi proibido”, revelou o porta-voz. A passagem na fronteira entre as duas Coreias em direção a Kaesong é aberta normalmente às 8h30 (20h30 Brasília). No entanto, nesta quarta-feira os responsáveis norte-coreanos não autorizaram o ingresso dos trabalhadores sul-coreanos, destacou.
Agência Efe
Soldados sul-coreanos movem barreira dentro da zona desmilitarizada, que serve de entrada para o complexo de Kaesong
Pyongyang não precisou a duração da medida, disse Kim, que qualificou a decisão de “muito lamentável”.
Kim destacou que a prioridade do governo em Seul é a segurança dos 861 sul-coreanos que estão em Kaesong. “Esperamos que nossa gente que está no Norte volte sã e salva”.
Retaliação
O ministro da Defesa sul-coreano, Kim Kwan-jin, disse que o exército de seu país está “preparado” para a possibilidade de invadir a Coreia do Norte e tem capacidade de destruir em cinco dias 70% da primeira linha das forças armadas norte-coreanas após a fronteira.
Até agora, a pasta não teve notícias sobre distúrbios no complexo de Kaesong e afirmou que não há indícios de ameaças à segurança dos sul-coreanos que lá se encontram.
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Mais de 450 sul-coreanos cuja passagem ao Norte estava previsto para ao longo desta quarta-feira através da zona desmilitarizada que separa os dois países não poderão fazê-lo, enquanto dos 446 que tinham pensado em retornar ao Sul, apenas o farão 46, por decisão das empresas.
Kaesong
A zona industrial de Kaesong, situada 10 km no interior do território da Coreia do Norte e foi inaugurada em 2004 como símbolo da vontade de cooperação entre as duas Coreias.
O parque industrial intercoreano, que conta com investimentos sul-coreanos, até o momento se mantinha em atividade, apesar da crise na península coreana.
A passagem de fronteira para Kaesong funcionou normalmente nas últimas semanas, mesmo diante da crescente tensão entre Norte e Sul.
Em Kaesong trabalham mais de 50 mil norte-coreanos, a maioria para pequenas empresas sul-coreanas que atuam na área manufatureira produzindo roupas, calçados, relógios e utensílios de cozinha, entre outros.
O complexo industrial sempre permaneceu aberto, apesar das repetidas crises na península, e sua estabilidade é considerada um barômetro das relações entre as duas Coreias.
No sábado, a Coreia do Norte advertiu que poderia fechar o parque industrial porque havia se sentido ofendida pelos comentários da mídia sul-coreana de que Pyongyang precisava manter o parque aberto para fornecer fundos para o regime do Norte.
A Coreia do Norte também cortou uma linha telefônica militar utilizada para coordenar o fluxo de tráfego de entrada e saída do complexo. Em vez deste recurso, o país usou uma linha telefônica separada nos últimos dias para permitir que bens e pessoas viajassem como de costume.
(*) com agências de notícias internacionais