Principal ponto das campanhas eleitorais e um dos problemas mais citados pelos costa-riquenhos, a crescente criminalidade no país será o maior desafio do próximo presidente da Costa Rica. Os 2,8 milhões de eleitores convocadas para escolher o chefe de Estado e os 57 deputados do Congresso começaram hoje a votar. As urnas foram abertas às 6h (10h, Brasília) e a será possível sufragar até as 18h (22h).
Ainda que o atual presidente, Oscar Arias, seja reconhecido por ampliar as relações diplomáticas e comerciais do país, sobre ele pesam críticas a respeito do crescimento da violência no país. Costa Rica se destaca dos vizinhos da América Central por não ter Exército, por ter um dos IDH mais altos da América Latina, além de receber o título de “mais feliz do mundo”, segundo um estudo da New Economics Foundation, grupo independente britânico.
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Arias “mostrou em matéria internacional um balanço positivo pelas relações diplomáticas estabelecidas, mas na área social, há uma dívida gigantesca, por exemplo, o tema da segurança”, afirmou em entrevista a agência AP, o advogado e cientista político Francisco Barahona.
Este fracasso pesa na candidatura de Laura Chinchilla, afiliada do partido governista, que lidera as pesquisas de intenções de voto, variando de 35,2% a 44%. A legislação exige apenas 40% dos votos em primeiro turno para um candidato se eleger.
Seus principais rivais, Otto Guevara do partido de direita Movimento Libertario e Ottón Solís, centro-esquerdista do Partido de Ação Cidadã, centraram suas críticas contra Chinchilla. Eles lembraram seu desempenho no governo de José María Figueres (1994-1998), quando foi ministra de Segurança e no atual governo, quando foi ministra de Justiça, enquanto a violência aumentava.
Como resposta às críticas, a candidata governista enfatizou que aumentará em 50% o número de policiais nos próximos quatro anos, além de criar uma comissão nacional para combate ao narcotráfico.
O peso da violência nas urnas é tão grande que Guevara, ao mencionar suas medidas de combate ao problema, ganhou pontos percentuais nas pesquisas de intenção de voto. O candidato defende a adoção de medidas rígidas e de “tolerância zero” para a criminalidade.
O problema se evidencia com a taxa de homicídios que, entre 1992 e 2009 se multiplicou duas vezes e meia ao passar de 4.4 mortes para cada 100 mil habitantes, a 11.1, segundo o diretor do Instituto Latino-americano das Nações Unidas para a Prevenção de Delito e Tratamento do Delinquente, Elías Carranza. Ainda assim, o número é menor que nos países da região, como El Salvador, onde a taxa é 71 para cada 100 mil habitantes.
O especialista destacou que o crescimento da violência é atribuído principalmente às desigualdades sociais e à presença do narcotráfico.
Para a atual ministra de Segurança, Janina del Vecchio, a criminalidade é uma consequência do tráfico de drogas, que segue da Colômbia com destino ao México e “passa pelos nossos países e parte deste estupefaciente fica aqui, provocando enfrentamentos entre gangues que lutam pelo controle do tráfico interno''.
Em entrevista concedida à BBC Mundo, Janina relatou que o tráfico movimenta 250 bilhões de dólares no país, e que “é difícil enfrentar essa quantidade”.
Rota
O governo estima que cerca de 80% das 1.400 toneladas de cocaína que saem da América do Sul passam pela América Central. “A Costa Rica se tornou um dos sete países na rota do tráfico, desde a Colômbia ao México”, completou a cientista política Margaret Rose, da Universidade da Costa Rica, ao Opera Mundi.
Ela explica que o país passou a enfrentar o problema principalmente após os ataques de 11 setembro nos Estados Unidos. Nos últimos quatro anos, a polícia apreendeu mais 90 toneladas de cocaína.
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