Os representantes dos credores da Grécia que passaram os últimos dez dias em negociações com o governo de Alexis Tsipras deixam a cidade sem ter chegado a um acordo com os negociadores gregos sobre aspectos fundamentais da segunda avaliação do resgate, informaram nesta quinta-feira (09/03) os meios de comunicação locais.
Segundo estas fontes, o principal ponto de atrito continua sendo a reforma trabalhista, sem que a Grécia e o FMI (Fundo Monetário Internacional), o mais exigente a respeito, tenham conseguido acercar posturas para a liberação de novas parcelas dos 86 bilhões de euros de resgate da dívida grega. Sem este montante, a parcela de 6 bilhões de euros da dívida que vence em julho ficaria ainda mais pesada para o país.
“Houve progresso em algumas importantes áreas, e nós recebemos bem isso. No entanto, permanecem diferenças em pontos importantes”, disse o porta-voz do FMI, Gerry Rice, em Washington, nos Estados Unidos, sede do fundo.
O FMI rejeita a proposta do governo grego de reinstaurar as negociações trabalhistas coletivas e setoriais – o principal ponto de discórdia entre o fundo e a Grécia, afirmou Dimitris Tzanakopulos, porta-voz do governo grego, nesta quinta-feira. O FMI também continua pedindo mudanças na legislação grega como o aumento da força de trabalho que pode entrar em uma demissão coletiva.
Agência Efe
O primeiro-ministro grego, Alexis Tsipras; após dez dias de negociações, país e credores não entram em acordo sobre novo resgate da dívida grega
Por outro lado, os credores da chamada “tétrade” – o FMI, a Comissão Europeia (CE), o Banco Central Europeu (BCE) e o Mecanismo Europeu de Estabilidade (MEE) – exigem da Grécia um corte de 1,4 bilhão de euros no sistema de pensões, além de uma redução do imposto mínimo isento.
O FMI pede, além disso, uma série de cortes que considera necessários para que a Grécia alcance o objetivo de superávit primário – antes do pagamento da dívida – de 3,5% em 2018, algo que difere dos europeus, que pensam que tais cortes não são necessários.
NULL
NULL
Também há divergências entre ambas as partes no tipo e quantidade de medidas de corte a aplicar quando terminar o programa de resgate atual, a partir de 2019, assim como nas contramedidas que o Executivo de Atenas quer adotar para amortecer o efeito sobre a população.
A Grécia e seus credores, no entanto, conseguiram acordar outros temas como a regulamentação extrajudicial das dívidas incobráveis das empresas com os bancos ou certas medidas de reforma do sistema financeiro.
Tzanakopulos afirmou hoje que o acordo “global” com os credores se baseia em três pilares: as medidas a tomar até 2018, as que devem ser tomadas desde 2019 e o superávit primário que a Grécia deverá alcançar a partir desse ano, que deve estar aparelhado com as “medidas de alívio da dívida a médio prazo”.
O porta-voz do governo não descartou que o primeiro-ministro grego, Alexis Tsipras, possa tomar uma iniciativa política para tentar chegar a um acordo técnico que adie a reforma trabalhista e que permita à Grécia ter acesso a uma parte do seguinte lance do resgate. “O objetivo é alcançar um acordo. Se isso não for possível, veremos”, disse Tzanakópulos.
As negociações entre Grécia e seus credores para tentar chegar a um acordo antes da reunião do Eurogrupo de 20 de março continuarão por teleconferência. “Estão programadas reuniões para a próxima semana, antes do próximo Eurogrupo de 20 de março. O objetivo é concluir rápidamente um acordo técnico”, disse em comunicado um porta-voz do MEE.
Agência Efe
Agricultores gregos e a polícia em confronto diante da sede do Ministério da Agricultura, em Atenas
Na quarta-feira (08/03), agricultores da ilha de Creta entratam em confronto com a polícia em Atenas ao protestar contra as políticas de austeridade implementadas pelo governo grego por exigência dos credores internacionais. Já em Thessaloniki, o premiê grego foi hostilizado por professores, que protestaram contra o corte nas pensões.
Crescimento zero do PIB grego em 2016
*Com Agência Efe