A revisão do Tratado de Itaipu, que triplica o valor que o Paraguai cobra do Brasil na venda da energia produzida pela usina hidrelétrica e não utilizada por aquele país, reacendeu no plenário as diferenças entre governo e oposição sobre a condução da política externa. De um lado, deputados da base defenderam que o Brasil, como maior país do continente, deve ajudar os vizinhos e buscar a cooperação. Do outro, DEM e PSDB argumentaram que o país está agindo de maneira ideológica e favorecendo o Paraguai sem receber nada em troca.
Para o deputado Antonio Imbassahy (PSDB-BA), o tratado quer influenciar na disputa presidencial do país vizinho. “Quando se pretende triplicar o valor pago sem que o Brasil tenha justificativa para isso, verificamos uma benesse do governo que vai alavancar a reeleição do presidente paraguaio, Fernando Lugo”, ressaltou. “Não acho razoável que o Brasil seja onerado por um entendimento que busca dar suporte à eleição do presidente de país amigo”, emendou.
Esse argumento do oposicionista, segundo o deputado Fernando Ferro (PT-PE), busca macular o debate. “O Brasil, ao recompor esse preço, está sendo justo. Não estamos discutindo apenas o preço da energia, mas a relação entre dois países, na busca de diminuir assimetrias entre as economias vizinhas para fazer integração”, declarou.
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A oposição destacou ainda que não cabe ao Brasil ajudar o país vizinho sem resolver os problemas internos. “O Brasil está graciosamente dando seis bilhões de reais ao Paraguai até 2023 desconsiderando que esse dinheiro poderia atenuar as mazelas do povo brasileiro”, afirmou o líder do DEM, Antonio Carlos Magalhães Neto (BA).
O líder do PSDB, deputado Duarte Nogueira (SP), disse que o Brasil já tomou várias decisões em favor dos paraguaios, o que não justificaria o aumento dos repasses por Itaipu. “O Brasil já se dispôs a construir a segunda ponte para o Paraguai, investiu 20 milhões de reais para melhorar a infraestrutura daquele país; fez a lei dos sacoleiros; dá o mesmo tratamento dos motoristas brasileiros aos paraguaios”, enumerou.
Integração
Na defesa do tratado, o líder do PT, deputado Paulo Teixeira (SP), disse que o modelo defendido pelo governo atual quer o crescimento de todos os países do continente, e não apenas do Brasil. “Não passa pelo governo a ideia de o Brasil se desenvolver com o nosso vizinho passando fome. Queremos integração sul-americana para fazer com que o Paraguai não seja mais terceiro pior PIB do continente”, rebateu.
“O Paraguai se desenvolver é bom para o Brasil, é bom para os brasileiros que moram no Paraguai e é bom para o desenvolvimento de toda a América do Sul”, também defendeu o líder do governo, deputado Cândido Vaccarezza (PT-SP).
Esse embate levou a oposição a lançar mão de diversas medidas protelatórias para tentar inviabilizar a votação do tratado na sessão desta quarta-feira. Os partidos oposicionistas apresentaram diversos requerimentos pedindo a suspensão da votação, o adiamento da votação e a retirada de pauta da matéria. “Podemos até perder, mas vamos resistir e mostrar a nossa contrariedade até o final”, disse o deputado Onyx Lorenzoni (DEM-RS), antes da aprovação do projeto.
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