Realizada em 3 de outubro, a eleição para a prefeitura de Lima, no Peru, ainda não tem um ganhador. Com 96,6% das urnas apuradas, a candidata Susana Villarán, do partido esquerdista Força Social, tem vantagem de 35.773 votos sobre Lourdes Flores, do direitista Partido Popular Cristão-União Nacional (PPC-UN). Mas a série de questionamentos feitos sobre a eleição, inclusive com a recontagem de votos, torna o resultado incerto e, de acordo com analistas entrevistados pelo Opera Mundi, põe em descrédito o processo eleitoral peruano.
Efe
Susana Villarán, do Força Social, fez manifestação em frente a órgão eleitoral para exigir revelação dos resultados
Segundo uma pesquisa divulgada sábado (23/10), 53% dos habitantes de Lima têm “pouca confiança” no Escritório Nacional de Processos Eleitorais (ONPE, da sigla em espanhol) e 54% tem a mesma opinião do Jurado Nacional de Eleições (JNE): o primeiro se encarrega da organização logística das eleições e da contagem de votos e o segundo é um tribunal eleitoral. Outra pesquisa, feita pelo instituo Ipsos-Apoyo, revelou que 66% dos entrevistados desaprova a gestão da ONPE e 61% a do JNE. Em 3 de outubro, a ONPE disse que revelaria os votos às 20h, porém, a promessa não aconteceu.
Ontem (25/10), Villarán promoveu um protesto na frente do JNE em Lima contra a lentidão da contagem dos votos e alertou para uma tentativa de virada dos resultados, em um favorecimento da adversária, Flores. “É muito importante que os cidadãos exijam uma atitude democrática dos organismos eleitorais para defender não só os meus votos, mas de todos os candidatos”, afirmou.
Não só os eleitores de Villarán suspeitam de manipulação dos votos. Comentários em programas de televisão e rádio, artigos de opinião e no Twitter apontam uma possível manobra do PPC para levar a prefeitura de Lima.
Leia mais:
Acordo entre Brasil e Peru cria roteiro turístico compartilhado
Após chuva, 21 turistas estrangeiros ficam presos no Peru
Cidade de Machu Picchu é reaberta à visitação
Cerimônia marca reabertura oficial de Machu Pichu
Peru oferece saída para o mar para a Bolívia
Causas do atraso
“A demora para a contagem dos votos já aconteceu, mas nunca um atraso como esse, em que faltam apenas décimos para o total”, explicou ao Opera Mundi Percy Medina, secretário executivo da organização Transparência, que monitora processos eleitorais.
Segundo Medina, uma conjunção de fatores vem gerando o atraso. “Em primeiro, a incapacidade dos trabalhadores da ONPE, que não colaboraram no dia da eleição com os membros da mesa”. Desde setembro há mais exigências para que uma cédula possa ser preenchida, incluindo o uso de impressões digitais. Para Medina, houve confusão nas zonas eleitorais e votos podem ter sido perdidos.
Lima tem mais de cinco milhões e trezentos mil eleitores. Depois da eleição, mais de nove mil cédulas foram excluídas pela ONPE pela falta de impressão digital ou de assinaturas, problemas de legibilidade e contradições nas somas dos votos. No total, cerca de um milhão e meio de votos na capital não puderam ser contabilizados e passaram para os JEE (Jurados Eleitorais Especiais) para serem avaliados novamente.
Após o JEE determinar a validade, os votos podem ser computados pela ONPE. Entretanto, o PPC de Lourdes Flores contestou 100 atas já validadas e que agora devem ser avaliados pelo Jurado Nacional de Eleições. O Força Social, de Villarán, contestou apenas uma ata.
O vereador eleito pelo PPC, Pablo Secada, criticou a demora dos resultados e afirmou que nas eleições presidenciais de abril de 2011 “será preciso assegurar que o sistema esteja seguro, pressionando as autoridades eleitorais. É uma vergonha que ainda não tenham divulgado os resultados para Lima”.
Siga o Opera Mundi no Twitter
NULL
NULL
NULL