A desnutrição severa dos milhares de refugiados que continuam fugindo diariamente do conflito e da seca na Somália supera 50% e 500 mil crianças estão em situação de “iminente risco de morte”, informou nesta terça-feira (19/07) em Genebra o ACNUR (Alto Comissariado das Nações Unidas para os Refugiados).
A organização anunciou que aumentou as tarefas de assistência humanitária no interior do país, especialmente no centro e no sul, para tentar chegar à população antes que seja tarde demais e para frear o fluxo de refugiados que cruzam as fronteiras com os vizinhos Etiópia e Quênia. “A situação é realmente desesperadora e o que vi me deixou impressionado”, manifestou em entrevista coletiva o chefe de Saúde Pública do ACNUR, Paul Spiegel, recém-chegado da região.
Spiegel afirmou que a taxa de mortalidade por dia em junho foi de 7,4 para cada 10 mil pessoas, um número que multiplica por 15 o índice base considerado normal para a África Subsaariana e sete vezes maior do que o nível para declarar uma emergência.
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A declaração oficial de crise de fome em um território ocorre quando a taxa de mortos por dia supera o número de dois óbitos para cada 10 mil pessoas, mas tem de afetar 30% da população em questão, algo que ainda não ocorre na Somália, segundo a ONU.
Spiegel indicou que outro grande desafio neste momento é melhorar a situação de abastecimento de água e das instalações sanitárias, levando em conta que neste momento cada pessoa que chega aos acampamentos dispõe de 3,5 litros de água por dia, metade do considerado saudável pelas autoridades sanitárias.
O diretor do Departamento para o Leste e o Chifre da África, Raouf Mazou, explicou que embora o número de pessoas em fuga da Somália “tenha recuado ligeiramente” nos últimos tempos a média de refugiados diários é ainda de 4 mil pessoas.
Mazou ressaltou que a ACNUR não dispõe de recursos suficientes para enfrentar à situação, já que só recebeu 17% dos US$ 136 milhões que solicitou para esta operação. A organização não tem números concretos das pessoas que morreram na Somália por causa da crise de fome gerada pela seca e o conflito armado, já que “segue tendo muitas áreas às quais não temos acesso”, diz Spiegel.
“Dado que entre os recém-chegados (aos campos de refugiados) a taxa de mortalidade é tão alta, acreditamos que o número de mortos será extremamente alto”, acrescentou.
É por esta razão que a ACNUR quer adiantar-se ao deslocamento das pessoas que buscam refúgio da guerra e alimentos e trabalha com organizações no interior do país para ajudar à população em Mogadíscio e nas regiões de Belet Hawa e Dobley, no sudoeste do país, onde se assistiu a 90 mil pessoas.
Além disso, nesta terça-feira estava previsto entregar assistência não alimentícia a outras 126 mil pessoas em situação de emergência.
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