Os protestos populares contra o regime político do Iêmen se estenderam nesta terça-feira (01/03), no chamado “Dia da Ira”, pelas principais cidades do país. Os manifestantes exigiram a renúncia do presidente Ali Abdullah Saleh que, por sua vez, acusou Israel de comandar as revoltas no mundo árabe.
Segundo fontes de oposição, centenas de milhares de pessoas tomaram as ruas de diversas cidades iemenitas para participar de manifestações contrárias ao regime de Saleh. A convocação para o Dia da Ira é uma nova tentativa dos grupos opositores de intensificar a pressão sobre o governante iemenita, que rejeita abandonar o poder, embora tente negociar com a oposição.
Ao mesmo tempo em que os manifestantes tomavam as ruas, Saleh acusou Israel de incitar os protestos nos países árabes, que reivindicam a derrocada de seus regimes, ao calor das revoltas de Tunísia e Egito. “Todos esses protestos são financiados pelos sionistas em Israel e são dirigidos em uma sala de operações em Tel Aviv”, afirmou Saleh em discurso proferidos aos professores universitários na capital iemenita, Sanaa.
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Na mesma cidade, em uma praça localizada em frente à universidade, dezenas de milhares de ativistas da oposição se congregaram desde o início da manhã.
Este local já é um dos símbolo da revolta popular iemenita. Os manifestantes o chamam de “praça das mudanças”, já que é palco dia e noite de protestos há uma semana. “Pacífica, pacífica, nossa revolução é pacífica” e “O povo quer a derrocada do regime” foram alguns dos lemas gritados pelos manifestantes.
Outra das frases era “Não ao diálogo! A saída (do poder) é a alternativa”, em alusão aos pedidos de feitos pelo presidente e rechaçados pela oposição.
Na terça-feira, Saleh se mostrou disposto a formar, em um curto período de tempo, um governo de união nacional. Nesta terça-feira, a agência oficial Saba indicou que essa oferta foi prorrogada até que se chegue a um acordo com os opositores.
Também foram registrados protestos em massa contra o presidente nas cidades de Taiz e Lahij, localizadas no sul; Amran e Saada, no norte; e Hadhramaut, no leste, algumas das quais já tinham registrado manifestações em dias anteriores.
Em Áden, principal cidade do sul, está prevista para esta noite uma nova manifestação, o que levou as forças de segurança a interditar os acessos aos principais bairros da cidade, segundo testemunhas.
Após um mês de protestos, que já deixaram 17 mortos e centenas de feridos, os iemenitas não perdem energia em suas reivindicações, embora o presidente também não pareça disposto a fazer mais concessões.
Saleh se mostrou aberto ao diálogo na segunda-feira, mas nesta terça ele disse que os manifestantes são “um bando de anarquistas sem responsabilidade”.
Em seu discurso em Sanaa, além de acusar Israel, o líder iemenita criticou o que chamou de “ingerência” do presidente norte-americano, Barack Obama, nos assuntos dos países árabes. “O que Obama tem a ver com os países árabes? É o presidente dos Estados Unidos ou o presidente dos países árabes?”.
Efe
Protestos anti-governo se espalharam pelas principais cidades do país
Por outro lado, Saleh destituiu nesta terça-feira os governadores das províncias de Áden, Lahij, Abyan, Hadhramaut e Al Hodeidah, locais que têm sido palco de fortes protestos desde 27 de janeiro, e os transferiu a postos governamentais em Sanaa.
Enquanto os protestos contra o regime se estendem, também ocorreram manifestações a favor do presidente na capital, onde nesta terça-feira se reuniram cerca de 100 mil simpatizantes do governo.
No centro da capital, os manifestantes portavam cartazes com os dizeres “Sim ao diálogo” e “Não à fitna (conflito sectário)”, enquanto gritavam palavras de ordem como “O povo quer Ali Saleh” e “Com a alma e o sangue, nos sacrificamos por ti, ó Ali”.
Apesar dessas demonstrações de apoio, intensificou-se a pressão contra Saleh, que já perdeu a lealdade de diversos chefes tribais e de vários deputados de seu partido, em protesto ao uso da violência contra os manifestantes.
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