A primeira fase de negociações entre o governo deposto de Honduras e os golpistas acabou sem acordo. Só o que conseguiram em dois dias de discussões em San Jose, capital da Costa Rica, foi decidir que continuarão dialogando em uma outra data e local ainda não definidos.
O presidente deposto de Honduras, Manuel Zelaya, e o líder do governo golpista, Roberto Micheletti, não se encontraram. Eles tiveram conversas particulares com o presidente costa-riquenho, Oscar Arias, escolhido para mediar a negociação, que reuniu-se também com as delegações dos dois lados.
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Arias disse, em entrevista coletiva, que se sente “satisfeito” com a “conversa franca e respeitosa entre irmãos hondurenhos” e confirmou que “nos próximos dias” será marcada a data para novas conversações. Ele pediu que “deixem os centro-americanos resolverem os problemas dos centro-americanos”.
O presidente da Venezuela, Hugo Chávez, havia criticado anteriormente a eficácia das negociações e afirmado que o encontro “já tinha nascido morto”, durante uma entrevista coletiva no palácio presidencial de Miraflores, em Caracas. Para Chávez, Micheletti deveria ter sido preso no momento em que desembarcou na Costa Rica.
Chávez também criticou o governo norte-americano por apoiar o encontro, e cobrou da Casa Branca uma posição mais firme. “Só houve ações tímidas”, disse.
“O governo Obama cometeu um erro ao apoiar que um presidente legítimo receba um interino. Deveriam prender o presidente de fato [Micheletti], há uma resolução da OEA , outra da ONU. Foi um erro grave da secretária de Estado, Hillary Clinton, apoiar este diálogo”, declarou o venezuelano.
O líder da comissão de Micheletti, o ex-chanceler hondurenho Carlos López, disse lamentar profundamente “as desafortunadas declarações de um presidente da América do Sul sobre este importante processo de mediação”.
Micheletti, disse hoje, em coletiva no palácio do governo em Honduras – para onde voltou no primeiro dia de encontros na Costa Rica – que Chávez “está perdendo credibilidade perante o mundo”. “Disse que nos invadiria e não invadiu [após o golpe de Estado], disse que ia manter o fornecimento de combustível para os hondurenhos e não o fez, disse que ia trazer Zelaya [de volta] e não trouxe”.
O líder da comissão de Zelaya, o ex-chanceler Milton Jiménez, disse que sua postura continua sendo pela restituição do líder deposto e da ordem democrática. Segundo ele, Zelaya foi “expatriado de forma violenta e impedido a retornar ao país, apesar de ser um cidadão com plenos direitos civis”.
Jiménez defendeu uma solução para o problema “de forma democrática”, para que “em um curto prazo Zelaya retorne ao posto para o qual foi eleito pelo povo”.
O secretário adjunto de Estado para Assuntos do Hemisfério Ocidental norte-americano, Thomas Shannon, telefonou para Chávez para discutir a atual situação em Honduras e o curso das negociações, segundo afirmou porta-voz do governo norte-americano, que não deu mais detalhes.
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